Alimentos não saudáveis são vendidos na forma de ações educativas a 300 mil crianças

As escolas são vistas pelos anunciantes como um lugar ideal para divulgar mensagens publicitárias direcionadas às crianças, já que é onde elas se concentram e passam uma parte significativa do seus dias, por anos a fio. A publicidade infantil quase sempre aparece disfarçada de ação educativa, enganando não apenas as crianças, mas também educadores, gestores e técnicos responsáveis pelo ambiente escolar.

Foi exatamente dessa forma que a Danone implementou o projeto 1, 2, 3 Saúde! em diversas escolas do Brasil, atingindo cerca de 300 mil crianças. Utilizando peças de teatro, livretos e cartazes, a empresa enfatizava a necessidade do consumo diário de alimentos lácteos – justamente o carro-chefe da Danone!

“O projeto poderia ser considerado controverso se apenas induzisse ao consumo de lácteos. Porém, o 1, 2, 3 Saúde! dava um passo além e prescrevia de maneira categórica a necessidade de consumir três porções desses produtos por dia, sob pena de sofrer problemas de saúde no curto, no médio e no longo prazos”, escreveu o blog O Joio e o Trigo, que publicou recentemente uma ótima reportagem sobre o tema. “Não existe consenso científico que respalde esse tipo de afirmação, apesar do esforço constante das fabricantes de lácteos em bancar pesquisas favoráveis a seus interesses.”

O projeto era apresentado gratuitamente às escolas, o que seduziu muitas instituições com poucos recursos para projetos pedagógicos extracurriculares. O investimento, para Danone, foi bem-sucedido: 45% dos participantes disse ter aumentado o consumo de produtos lácteos. Do ponto de vista da saúde, o efeito certamente não foi bom: o Danoninho, por exemplo, é alto em açúcar e gorduras saturadas, assim como os iogurtes e outros produtos lácteos vistos nas prateleiras do mercado.

Sob pressão, a Danone suspendeu o projeto 1, 2, 3 Saúde! e retirou do ar todos os conteúdos relativo a ele.

Leia aqui a reportagem completa d’O Joio e o Trigo sobre o assunto.

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