Em entrevista ao site O Joio e o Trigo, assessor regional da Opas fala sobre conflito de interesse,
rotulagem frontal e o sistema NOVA

Fábio Gomes é assessor regional em Nutrição e Atividade Física da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) e circula as Américas ajudando países a buscar respostas para a crise do sobrepeso e da obesidade que cresce aceleradamente no continente. Ele também estuda como o conflito de interesse entre saúde pública e lucro afeta a elaboração de políticas efetivas.

Gomes concedeu recentemente entrevista ao portal O Joio e o Trigo, na qual falou, entre outras coisas, sobre a influência da indústria, os desafios do Brasil na questão da rotulagem nutricional frontal e as críticas em torno da classificação NOVA, desenvolvida no Brasil e utilizada por diversos países e pesquisadores.

Recomendamos a leitura da entrevista na íntegra, no portal O Joio e o Trigo. Abaixo, reproduzimos trechos da reportagem.

Conflito de interesse

A interferência da indústria nos processos de políticas públicas é a principal razão para essas políticas existirem ou não existirem, serem mais fortes ou mais fracas, serem implementadas de forma mais rápida ou mais lenta. Qualquer que seja a política, se for efetiva, a indústria vai tentar impedir ou atrasar. E vai usar todas as armas que tem. Distorcer a evidência científica que vai servir para guiar a política. E interferir na formulação da política.

A participação da indústria em processos regulatórios

[O] que aconteceu nos países que conseguiram avançar [na agenda regulatória] foi que [eles] se prepararam antes de abrir o diálogo com a indústria. (…) Se você vai para esse diálogo sem ter certeza do que quer como governo, como poder público, você nunca vai sair do lugar. Você sempre vai partir de um zero e a indústria sempre vai tentar gerar a dúvida. Aumentar a falta de certeza que o regulador tem. Se você não tem clareza do que quer fazer como governo, é um prato cheio para eles.

Rotulagem frontal

A rotulagem frontal de advertência nutricional não resolve todos os problemas. Essa advertência tem que competir com outros elementos de promoção dos produtos que são muito mais poderosos. Isso não significa que a advertência não tenha que existir. Significa que precisa ser combinada com outras políticas públicas que possam permitir que essa competição seja mais equilibrada. Boa parte dos estudos feitos no Uruguai apontaram a advertência como um sistema que funciona melhor porque compete de forma mais eficiente com outros elementos persuasivos.

Classificação NOVA

Todas as pessoas que dizem que não há evidência deveriam apresentar a evidência de que isso não se aplica. Ninguém provou que comer mais ultraprocessados é melhor para a saúde. Ninguém.

Leia aqui a entrevista completa com Fábio Gomes, da Opas, publicada pelo site O Joio e o Trigo.

 

Tags:

Deixe uma resposta