Proposta de rotulagem altera o modelo desenvolvido na França e anula comprovação científica

O modelo de rotulagem NutriScore, em avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não é o mesmo implementado na França e, por isso, não pode se valer das evidências científicas que comprovariam a sua eficácia. É isso o que denuncia reportagem recente do site O Joio e o Trigo, que analisou a íntegra do documento apresentado pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), responsável pela proposta, à Agência.

O problema central está em um detalhe que pode parecer pequeno, mas que, na verdade, invalida todos os estudos acerca do modelo feitos até agora. Na França, o sistema NutriScore classifica os alimentos de A a E, nota que representa uma síntese do cruzamento de elementos negativos (calorias, sal, gorduras e açúcares) e positivos (frutas, vegetais, legumes e oleaginosas; fibras; proteínas).

Em sua adaptação para o Brasil, a Abran propõe, além da escala, uma classificação individual para cada um dos sete elementos. Na prática, isso significa incluir mais sete elementos para que o consumidor analise na hora da compra. As notas individuais variam de 0 a 10 e seriam sinalizadas ao consumidor com pequenos sinais de mais (+). Quanto mais sinais, mais crítico é o produto.

Há diversas hipóteses sobre a apresentação desse conjunto de informações adicionais – uma delas é de que o consumidor teria dificuldade em visualizar os sinais e, quando os visse, teria dificuldade em processar a informação. Além disso, a comparação entre diferentes produtos fica praticamente inviabilizada. Mas, a questão primordial que se coloca é que, uma vez alterado o modelo original francês, joga-se fora todas as evidências que corroboram a sua eficácia. É o que atestam todos os especialistas em questões de regulação ouvidos pelo O Joio e o Trigo.

Na França, o modelo NutriScore foi comparado em estudos ao semáforo, sempre com superioridade. Na América Latina, inclusive no Brasil, as advertências foram comparadas com o semáforo em estudos, também sempre com superioridade. Os franceses afirmam que não compararam o modelo NutriScore com as advertências porque a experiência chilena só ficaria conhecida dois anos mais tarde.

Leia aqui a reportagem completa do site O Joio e o Trigo.

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