Estudo analisou como os leitores de grandes sites ingleses reagiram ao anúncio de um imposto sobre este tipo de produto

A taxação de bebidas adoçadas, como refrigerantes, néctares e chás prontos para o consumo, é uma política recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades para o enfrentamento da obesidade. A maneira como a população enxerga tal medida, porém, tende a ser crucial para o seu sucesso.

Um artigo publicado recentemente na revista científica PLOS buscou investigar as visões, ideias e preocupações registradas pelos leitores dos maiores sites de notícias do Reino Unido a respeito do tema. O país anunciou recentemente a implementação de um imposto sobre bebidas adoçadas, que deve entrar em vigor em abril deste ano, e a análise levou em conta 1.645 comentários postados por leitores em reportagens sobre o anúncio do governo publicadas em quatro veículos.

Os pesquisadores identificaram três grandes temas que permeavam todos os comentários analisados e influenciavam o apoio ou a oposição a imposto. Um deles diz respeito à autonomia individual versus necessidade da população. Para um grupo, o consumidor tem o direito de escolher o alimento que deseja comprar e o governo não deve interferir ou direcionar escolhas. Para um outro grupo, o grande número de pessoas obesas sobrecarrega o sistema público de saúde e onera o cidadão, justificando a intervenção do governo.

Outro tema  identificado foi o da desconfiança: acerca dos políticos, do governo, da indústria e até dos especialistas que defendem a taxação. Os consumidores têm dificuldade em acreditar que o imposto possa beneficiar financeiramente a saúde pública, ou que um pequeno aumento no valor do produto seja capaz de desencorajar a compra. Alguns desconfiam, inclusive, da real motivação por trás da criação de tal imposto.

Por fim, o tema da complexidade da obesidade também foi identificado. A obesidade ainda é vista como consequência de um comportamento individual de alguém que não sabe se controlar diante de alimentos calóricos. Esta visão faz com que muitos consumidores se coloquem contrários a medidas como a taxação. Já os que compreendem que a obesidade é um problema multifatorial e complexo tendem a se colocar a favor.

Os autores do artigo sugerem que os esforços de convencimento da opinião pública podem ser bem sucedidos quando focados em esclarecer pontos essenciais relacionados aos temas descritos, principalmente enfatizando as determinantes social e do ambiente que influenciam a obesidade e os retornos para o sistema público de saúde.

O artigo completo da PLOS pode ser lido na íntegra aqui (disponível apenas em inglês).

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