01/07/2022 - Blog Notícias
A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável esteve presente no Encontro Nacional contra Fome, grande evento que reuniu centenas de defensores do direito à alimentação adequada e saudável no Rio de Janeiro, realizado pela pela Ação da Cidadania. Entre os dias 21 e 23 de junho, o encontro promoveu diversas mesas de debate sobre as causas e consequências da fome no Brasil e também soluções. Após o encontro foi elaborada uma carta como forma de contribuir para o debate político sobre o enfrentamento da fome e insegurança alimentar e nutricional.
Em parceria com a Abrasco, a Aliança promoveu o painel “O combate à fome e a promoção da alimentação adequada e saudável: (re)conectando as dimensões do DHAA nas políticas públicas”, que contou com as participações de três integrantes do Núcleo Gestor da Aliança: Paula Johns, Elisabetta Recine, da Abrasco e, Carolina Feldenheimer, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo do painel foi discutir como as medidas de promoção da alimentação adequada e saudável podem contribuir para o combate à fome, a partir da reflexão sobre a agenda regulatória de proteção de práticas alimentares adequadas e saudáveis em ações emergenciais e estruturais de segurança alimentar e nutricional. Clique aqui para conferir na íntegra.
“É um dever urgente da nossa sociedade acabar com a fome, mas precisamos acabar com a fome fazendo com que alimentos saudáveis e sustentáveis estejam acessíveis para todas as pessoas”, afirmou Elisabetta Recine. “A gente tem uma discussão e reflexão de que o Estado proteja a gente de ações das grandes corporações. E quando a gente fala de regulação, a imagem que vem a minha mente é a de um ente que vai fazer tentar balancear uma assimetria de poder entre a população e aqueles que produzem alimentos e bebidas ultraprocessados, que tem um poder muito maior do que alguns países, inclusive”, disse Carol Feldeheimer.
Dhana e saúde da população negra
Organizações integrantes da Aliança também promoveram e participaram de debates e exposições. A FIAN Brasil e o Instituto Desiderata participaram juntos da mesa “Alimentação e nutrição como direito humano: quem são os humanos de direito? Reflexões sobre a fome e seus efeitos na saúde da população negra”, que contou com participação da assessora de direitos humanos da FIAN Brasil, Nayara Côrtes, a integrante da Rede de Mulheres Negras SSAN, Beatriz Blackman, e o gestor da área de obesidade infantojuvenil do Instituto Desiderata, Raphael Barbosa. O painel teve como objetivo problematizar a violação do direito à alimentação e à nutrição adequadas das populações e mulheres negras, refletir sobre as práticas das organizações e conjuntamente apontar possibilidades para mudança. A apresentação contou com um momento de exposição crítica e dialogada das dimensões do conceito de Direito Humano à Alimentação e Nutrição Adequadas (Dhana) – como soberania alimentar, nutrição, gênero e raça – seguida da apresentação dos dados mais recentes sobre o contexto de insegurança alimentar e nutricional, seus determinantes e efeitos na saúde das populações e mulheres negras.
Sindemia Global
No primeiro dia do encontro, Janine Coutinho, coordenadora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), participou da mesa “Sindemia Global: fome, obesidade e meio ambiente” e explicou como os sistemas alimentares não apenas impulsionam as pandemias de obesidade e desnutrição, mas também geram de 25-30% das emissões de gases do efeito estufa (GEEs), sendo que a produção de gado é responsável por mais da metade dessas emissões. “A forma como os alimentos são produzidos, distribuídos, ofertados e consumidos está levando ao adoecimento da população e do meio ambiente, acelerando os impactos das mudanças climáticas e colocando em risco o direito fundamental a uma alimentação adequada e saudável”, enfatizou Janine.
Política tributária
Uma das rodas de conversa foi oferecida pela ACT Promoção da Saúde e tratou do tema “O papel da política tributária para promoção de uma alimentação saudável e sustentável”. Paula Johns, diretora-geral, fez a abertura, falando da importância de repensar a agenda dos impostos de saúde em um contexto de aumento da fome. E passou a palavra aos pesquisadores e economistas Arnoldo Campo e Edna Carmélio, que apresentaram em primeira mão dados de um estudo inédito que mostra que o sistema tributário brasileiro penaliza a produção e acesso de alimentos saudáveis, produzidos de forma orgânica e agroecológica, sendo um elemento dificultador do acesso à alimentação adequada e saudável. A pesquisa foi encomendada pela ACT e será divulgada muito em breve, aguarde. É possível baixar a apresentação ou assistir o vídeo da roda de conversa completa no Youtube – clique aqui para conferir.