Não apenas um prato saudável: feijão com arroz pode peça-chave para futuras políticas de segurança alimentar e nutricional (Foto: Freepik)

Feijão com arroz, a combinação mais popular na mesa brasileira, agora foi reconhecida como um dos pratos mais saudáveis do mundo pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO). 

E não apenas isso: arroz com feijão pode ser uma peça-chave para as políticas de segurança alimentar e nutricional que a ONU desenvolve e divulga ao redor do mundo.

A lista da FAO tem seis exemplos de pratos compostos por leguminosas amplamente cultivadas nas Américas, capazes de oferecer nutrição de forma acessível e sustentável: arroz com feijão (Brasil), tamalitos (Costa Rica), sopa de habichuelas negras (República Dominicana), frijoles colados (Peru) e frijoles rojos e arroz (EUA).

Raul Benítez, representante regional da FAO, afirma que as leguminosas são essenciais para uma alimentação saudável. Mesmo pequenas, são ricas em proteínas, contendo o dobro do que tem no milho e três vezes mais que no arroz. “Elas são uma fantástica fonte de proteína vegetal, têm baixo índice de gordura, são livres de colesterol e glúten e são ricas em minerais e vitaminas”, explicou.

O representante da FAO diz que quando são consumidas junto com cereais, as leguminosas formam uma proteína completa, que é mais barata que a proteína de origem animal – e, portanto, mais acessível às famílias com baixos recursos econômicos.

“Essa mistura é a base da dieta tradicional de muitos lugares da América Latina e Caribe, como o feijão com milho, ou o feijão com arroz que muitos de nós crescemos comendo”, apontou Benítez.

Segundo a FAO, a grande diversidade de feijões e de outras leguminosas da região representa um tesouro genético para criar novas variedades que podem ser necessárias para bater de frente com as mudanças climáticas. 

“No entanto, em muitas comunidades, essas variedades ancestrais estão se perdendo por causa da homogeneização global que privilegia apenas alguns cultivos e alimentos, desmerecendo outros”, alertou Benítez.

Instituições como a Universidade de Harvard também já apontaram o arroz com feijão como uma combinação nutricional poderosa. Estudos indicam que o prato oferece fibras, ferro, vitaminas do complexo B e proteínas vegetais. Quando comparado com opções mais industrializadas ou com carnes processadas, apresenta vantagens em saúde e custo.

Presente na cultura e aliado do meio ambiente

Além de nutritivo, o arroz com feijão está fortemente ligado à identidade cultural brasileira. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) considera a combinação um símbolo de resistência alimentar e um marcador da diversidade do país. O prato aparece em diferentes versões, com acompanhamentos variados, em praticamente todas as regiões.

“O arroz com feijão está presente desde as casas mais humildes até as mesas mais fartas”, observa um trecho do material da FAO. Mais do que uma escolha nutricional, ele carrega hábitos, histórias e vínculos familiares.

Outro ponto relevante citado pela FAO é a contribuição das leguminosas para o meio ambiente. O feijão, por exemplo, ajuda a melhorar a qualidade do solo. Por fixar nitrogênio naturalmente, essa planta reduz a necessidade de fertilizantes industriais, que são considerados poluentes e contribuem para o aquecimento global. A diversidade de feijões cultivados na América Latina, segundo a entidade, representa um patrimônio genético importante em tempos de mudanças climáticas.

Apesar disso, algumas dessas variedades estão desaparecendo em função da homogeneização dos cultivos. “Em muitas comunidades, essas variedades ancestrais estão se perdendo por causa da homogeneização global que privilegia apenas alguns cultivos e alimentos, desmerecendo outros”, alertou Benítez.

A FAO pretende usar o exemplo de pratos como o arroz com feijão para fortalecer campanhas de segurança alimentar em diversos países. Ao valorizar receitas tradicionais e acessíveis, a organização busca enfrentar tanto a fome quanto os impactos ambientais da produção em larga escala. (Informações da Agência Brasil)

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