O pesquisador e professor Carlos Monteiro, um dos cientistas mais influentes do mundo, é o protagonista do vídeo da campanha Doce Veneno, que visa alertar a população sobre os perigos para a saúde do consumo dos ultraprocessados. O termo ultraprocessados foi criado no Brasil, pelo grupo de pesquisas coordenado por Monteiro, e descreve comidas e bebidas que são muito distantes dos alimentos in natura. Esses produtos respondem, todo ano, pela morte de 57 mil indivíduos, entre 30 e 60 anos, segundo dados da Fiocruz. Apesar dessa e de inúmeras outras evidências atestando o perigo associado a essas fórmulas, elas vêm ganhando cada vez mais espaço na rotina de brasileiros e brasileiras.

A campanha, coordenada pela ACT Promoção da Saúde com o apoio da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, começou em 9 de maio e tem previsão de dois meses de veiculação. Além da exibição do vídeo com Carlos Monteiro em canais de tevê aberta e fechada, sites e redes sociais, compõem a iniciativa anúncios em jornais, rádios, painéis e mídias digitais. As peças revelam dados que são consenso entre a comunidade científica e destacam a associação entre ultraprocessados e o desenvolvimento de doenças, como diversos tipos de câncer, diabetes tipo 2, insuficiências renais e cardiovasculares, obesidade e hipertensão. Não por acaso, o slogan remete aos avisos das embalagens de cigarro: “A ciência adverte: ultraprocessados fazem mal à saúde”.

“Queremos destacar que os ultraprocessados são um problema tão grave quanto o tabaco. Portanto, também precisamos de políticas públicas para enfrentar a situação. A nossa experiência aqui no Brasil virou um caso de sucesso internacional e nos deu a chance de observar que o aumento da tributação foi a medida que mais reduziu a prevalência de fumantes e, consequentemente, a incidência de doenças associadas ao hábito de fumar”, explica Paula Johns, diretora executiva da ACT Promoção da Saúde.

A campanha faz o alerta “Precisamos de medidas que protejam a saúde da população”, direcionando para o site doceveneno.org.br. No link, o público toma conhecimento de que pode – e deve – fazer a sua parte assinando uma petição on line dirigida aos congressistas envolvidos nas discussões da reforma tributária. O texto mostra que mudanças na política tributária poderiam reduzir o consumo de produtos nocivos à saúde, incentivar uma alimentação saudável, prevenir doenças, estimular cadeias produtivas de frutas, verduras e legumes, além de aumentar o investimento no SUS.

Nesse sentido, sugere a implantação de uma série de medidas. A primeira seria a criação de um imposto seletivo sobre artigos nocivos – ultraprocessados, bebidas alcoólicas e tabaco – com destinação de recursos para o SUS. Depois, viria a eliminação dos benefícios a esses itens – como acontece com o refrigerante fabricado na Zona Franca de Manaus. Por último, uma iniciativa para combater a fome que atinge 33 milhões de pessoas no Brasil: a redução da carga tributária sobre alimentos saudáveis.

 

Fonte: ACT Promoção da Saúde

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