Fonte: Alimentando Políticas

Um movimento global e na América Latina está organizado para fazer frente à Cúpula dos Sistemas Alimentares 2021. Composto por diferentes organizações e pessoas engajadas da sociedade civil, a iniciativa tem o objetivo de escutar e dar voz aos que realmente fazem parte dos sistemas alimentares, e terá dois encontros, nos dias 22 e 23 de julho, das 15h às 18h,  clique aqui para se inscrever e acompanhar.

Programação Completa da Cúpula dos povos da América Latina pela transformação dos sistemas alimentares
Dia 1 – 22 de julho

15:00 – 15:30 – Sessão de abertura e agenda; breve apresentação das partes e participantes

15:30 – 16:00 – Apresentação introdutória –  A Cúpula dos Sistemas Alimentares: o que está em jogo

  • Controle por grandes corporações
  • Ausência de Direitos Humanos
  • Déficit de democracia e participação social precedido de violência e criminalização de movimentos sociais
  • Falsas soluções tecnológicas
  • Produção e consumo insustentáveis
  • Impactos na economia camponesa e na saúde das cidades
  • Ameaças da agricultura industrial contra a biodiversidade e os direitos humanos
  • Justiça climática, racial e cultural
  • Pandemias como resultado de processos hegemônicos associados à produção agroindustrial

16:00 – 16:50 – Painéis de debates

Painel 1 (16:00-16:20)

  • A situação atual e as lutas populares entre o campo e a cidade.
  • Situação regional: desafios e retrocessos atuais
  • Lutas populares e resistência
  • Acesso e consumo de alimentos saudáveis
  • Contexto oculto, impactos e resistências das cidades.

Painel 2 (16:25-16:45)

  • Crise e conflitos alimentares, agrotóxicos e agronegócio
  • Produção agroindustrial, desmatamento, violência
  • Lutas e resistência das aldeias

16:50 – 18:00 – Momento de diálogo regional – Reflexões em relação aos problemas sobre o processo global e seus impactos no nível local

18:00 – Fim do 1º dia e encaminhamentos e agenda do 2º dia.

Dia 2 – 23 de julho

15:00 – 15:30 – Sessão de abertura

15:30 – 16:30 – Atividade em grupos: Temas norteadores sobre alternativas e propostas diante das denúncias relatadas (narrativas populares e nossas soluções).

  • Grupo 1: Consumo saudável e sustentável
  • Grupo 2: Sistemas Alimentares e Mudanças Climáticas
  • Grupo 3: Reforma agrária e direitos territoriais

16:30 – 17:00 – Síntese das proposições dos grupos a serem incorporadas ao documento final.

17:00 – 18:00 – Plenário Final – Finalização do documento com o posicionamento da América Latina para a Cúpula dos Povos sobre Sistemas Alimentares

18:00 – Encerramento

Cúpula dos sistemas alimentares e captura pelas grandes corporações

A Cúpula dos Sistemas Alimentares 2021 está dominada pelas grandes corporações e pelo agronegócio, controlando as narrativas, a governança global, formulação de políticas públicas e a ciência. Mas a sociedade civil está mobilizada para ser ouvida!

A Cúpula dos Sistemas Alimentares 2021 da ONU é composta de dois momentos distintos, uma pré-Cúpula, que em julho, e o evento principal, marcado para setembro.

  • Pré-Cúpula dos Sistemas Alimentares 2021: 26 a 28 de julho
  • Cúpula dos Sistemas Alimentares 2021: 20 a 23 de setembro

Assim será também a mobilização dos povos no mundo e na América Latina:

  • Cúpula dos Povos da América Latina pela transformação dos Sistemas Alimentares: 22 e 23 de julho
  • Contramobilização Global dos Povos para transformar os Sistemas Alimentares Corporativos: 25 a 28 de julho
  • Contramobilização dos Povos para transformar os Sistemas Alimentares Corporativos: Setembro
O que está em jogo na Cúpula dos Sistemas Alimentares 2021?

A Cúpula dos Sistemas Alimentares 2021, organizada pelas Nações Unidas (ONU), é um fórum global com o pretexto de debater e criar consenso sobre tudo aquilo relacionado a alimentos e alimentação, desde a produção, transporte e distribuição, até a comercialização, consumo e formulação de políticas públicas.

No entanto, o que poderia ser palco de reais avanços na transição para Sistemas Alimentares saudáveis e sustentáveis na América Latina, na verdade deve dar lugar aos interesses da indústria alimentícia e do agronegócio. A sociedade civil, que pede por uma mudança estrutural no modelo de se produzir e consumir alimentos, deve ser deixada de lado.

Sem Sistemas Alimentares saudáveis e sustentáveis, não conseguiremos combater as mudanças climáticas, nem a fome e a obesidade que assolam o mundo.

7 motivos para não participar da Cúpula dos Sistemas Alimentares 2021
  1. A Cúpula não se baseia nos direitos humanos e dos povos: embora o evento promova uma aparente estrutura inclusiva, desde o início o processo de organização da Cúpula foi marcado por uma abordagem não inclusiva de diversos atores e organizações que legitimamente fazem parte de Sistemas Alimentares.
  2. A Cúpula é dominada por interesses corporativos: a nomeação de Agnes Kalibata, presidente da Aliança para uma Revolução Verde na África (AGRA), como Enviado Especial da ONU para a Cúpula, marca a influência da indústria alimentícia, do agronegócio e dos interesses corporativos no evento.
  3. A Cúpula demorou a envolver o Comitê de Segurança Alimentar (CSA): a plataforma internacional e intergovernamental da ONU mais inclusiva para garantir a Segurança Alimentar e Nutricional foi tardiamente chamada a participar da Cúpula de Sistemas Alimentares de 2021.
  4. A Cúpula não inclui pesquisadores latino-americanos: o Grupo Científico da Cúpula de Sistemas Alimentares é formado por 29 membros que devem informar e orientar o andamento das discussões nas cinco linhas de ação do evento. No entanto, apenas dois representantes são da América Latina: Costa Rica e Colômbia. Além disso, há uma clara presença majoritária de profissionais e pesquisadores das áreas de agronomia, ciências agrícolas, economia e engenharia e poucos profissionais da saúde e nutrição.
  5. A Cúpula não aceita a urgência de uma mudança profunda no sistema de justiça: com o evento sequestrado por representantes da indústria de alimentos e do agronegócio, a expectativa é que se mantenham Sistemas Alimentares que promovem alimentos ultraprocessados, desmatamento, o uso intensivo de agrotóxicos e monoculturas commodities, o que provoca a deterioração dos solos, a contaminação de cursos d’água e impactos irreversíveis na biodiversidade e na saúde humana.
  6. A Cúpula substitui as instituições públicas internacionais por plataformas de diferentes interessados: nesse sentido, as informações e as evidências científicas estão deslocando cada vez mais a participação direta e o conhecimento subjetivo das pessoas nas deliberações democráticas dentro dos espaços de formulação de políticas. Ao mesmo tempo, essas plataformas de multi stakeholders tendem a ser orientadas para “encontrar soluções” para os problemas escolhidos e, portanto, caracterizam-se por um misto de pragmatismo e urgência, que não permite descobrir as causas raízes e as estruturas de poder injustas.
  7. A Cúpula não combate a má nutrição nem as mudanças climáticas: ao contrário do que se espera da Cúpula, os Sistemas Alimentares devem se basear em práticas sustentáveis ​​e oferecer alimentos saudáveis ​​às pessoas, colaborando na luta contra a sindemia global causada pela má nutrição gerando obesidade, fome e mudanças climáticas.

 

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