Copos de refrigerante colorido - foto: rawpixel/freepik
Dossiê Big Food 2.0 mostra interferência da indústria de ultraprocessados nas políticas públicas – foto: rawpixel/freepik

 

Fugir da devida tributação na reforma tributária e pressionar por benefícios fiscais. Judicializar e sabotar norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que busca coibir práticas excessivas da indústria, que levam o público a padrões de consumo incompatíveis com a saúde. Comprar o nome de locais públicos para publicidade sorrateira. 

Esses são alguns exemplos de como a indústria de ultraprocessados interferiu – e interfere – nas políticas públicas, com objetivo de ampliar seus lucros e ganhos, a despeito do impacto de seus produtos na saúde e no meio ambiente. Eles estão retratados no Dossiê Big Food 2.0, que acaba de ser lançado pela ACT Promoção da Saúde e Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), duas organizações que são integrantes da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável. 

Você pode fazer o download gratuito do dossiê neste link

A publicação reúne informações e apresenta oito casos concretos e recentes, que demonstram a atuação da indústria para atravancar agendas públicas promotoras da alimentação adequada e saudável. 

Na primeira edição do Dossiê Big Food, estão outros oito casos emblemáticos, que expõem os incentivos fiscais para aumentar a produção de alimentos que causam prejuízos à saúde e as manobras para evitar alertas sobre componentes não saudáveis nos rótulos dos produtos.

Os dois Dossiês Big Food foram elaborados por um grupo de pesquisadoras e vão ajudar você a compreender de que forma os interesses econômicos interferem em políticas públicas enquanto promovem fome, doenças crônicas e aceleram mudanças climáticas.

ESG, poluição plástica e lobby contra alimentação saudável nas escolas

Além da reforma tributária, naming rights e a judicialização da norma da Anvisa, são tratados na publicação o ESG como prática para limpar a imagem pública de indústrias poluidoras, as disputas envolvendo o Tratado Global contra a Poluição Plástica, a falácia ao redor dos produtos ultraprocessados plant-based, o criticado movimento global Scalling Up Nutrition e o lobby da indústria durante a tramitação do projeto de lei que proibiu a oferta de ultraprocessados em escolas públicas e privadas no Rio de Janeiro. 

Em cada um dos casos relatados, são listadas as atividades políticas corporativas utilizadas pela indústria. Entre elas: “criar apoio público para posições corporativas”, “acesso e influência na formulação de políticas”, “deslocar e usurpar a saúde pública”, “moldar evidências para criar dúvidas” e “gerenciar reputações em benefício corporativo”, entre outras.

Por maior regulação de indústrias nocivas

“As corporações gerenciam informações e políticas a seu favor, sempre preocupada com a manutenção de uma imagem positiva diante do público e usando suas relações políticas para obter benefícios próprios, independentemente das consequências e dos impactos sociais ou ambientais que possam causar”, afirma trecho da publicação.

Além de documentar e expor as práticas corporativas e seus impactos, a publicação faz um chamado à ação, para que o poder público estabeleça limites e sanções às práticas comerciais que causam danos à saúde da população e do planeta, por meio de uma regulamentação mais rígida, maior transparência e resistência ativa contra táticas de lobby e marketing enganosas.

O Dossiê Big Food 2.0 teve um webinar de lançamento, realizado no início de novembro de 2024, e contou com a participação de Stephanie Amaral, do Unicef; Valéria Burity, do Ministério do Desenvolvimento Social; Saulo Ceolin, do Ministério de Relações Exteriores, Felipe Gomes, assessor parlamentar do gabinete da Deputada Federal Duda Salabert;  Boni de Moraes Soares, da Advocacia Geral da União; Camila Maranha, do ObservaCoi; Laís Amaral, do Idec; Paula Johns e Vitória Moraes, da ACT Promoção da Saúde. 

O debate online está disponível no YouTube: https://www.youtube.com/live/c7uIBsv7yfA

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