A ACT Promoção da Saúde convida a todas as organizações da sociedade civil para que assinem conosco um manifesto contra a venda do nome da Estação de Metrô Botafogo, situada no Rio de Janeiro, para a indústria de refrigerantes e bebidas açucaradas Coca-Cola.

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      MANIFESTO DA SOCIEDADE CIVIL PARA TIRAR A COCA-COLA DO NOME DA ESTAÇÃO DE METRÔ BOTAFOGO

      Em meio à maior crise sanitária enfrentada pelo país, a concessionária MetrôRio vendeu o nome da estação do metrô Botafogo para uma das maiores corporações globais, a Coca-Cola. Com isso, a estação passou a se chamar Botafogo-Coca-Cola, o que surpreendeu cidadãos, moradores e a sociedade civil pela mudança arbitrária, sem diálogo prévio, transparência, ou qualquer benefício para a população e para o transporte público.

      As organizações que assinam este documento manifestam profunda indignação com a venda do nome de um espaço público para promover a marca de uma empresa responsável pela manufatura de produtos reconhecidamente nocivos à saúde. Do ponto de vista da administração pública e defesa do bem comum, não é razoável a captação de recursos financeiros pelo uso da marca no nome de uma estação de transporte público. A associação da Coca-Cola com a Estação de Metrô Botafogo é um desrespeito ao patrimônio cultural imaterial representado pelo nome da estação, que tem relevância histórica e afetiva para a cidade.

      Além disso, a captura do nome da estação é publicidade disfarçada e abusiva de um produto cujo consumo é incompatível com a alimentação adequada e saudável, como demonstram inúmeras evidências científicas.  

      O consumo de bebidas açucaradas – como a Coca-Cola e a maioria dos produtos fabricados pela empresa – está associado à obesidade na infância e na vida adulta, cáries, diabetes tipo 2, hipertensão e outros problemas de saúde. O consumo deve ser evitado, conforme orienta o Guia Alimentar para a População Brasileira, documento do Ministério de Saúde que orienta políticas públicas a respeito da alimentação.

      Cerca de 10% dos casos de obesidade infantil no Brasil podem ser atribuídos ao consumo de bebidas açucaradas. Essa porcentagem corresponde a quase 205 mil crianças obesas, chegando a 721 mil crianças com excesso de peso devido ao consumo desses produtos.

      Esses produtos são nocivos à saúde e provocam altos impactos também nos cofres públicos. O tratamento das doenças relacionadas ao consumo dessas bebidas custa quase R$ 3 bilhões por ano ao Sistema Único de Saúde (SUS), o que representa uma das importantes externalidades negativas associadas a esses produtos, sem falar das consequências negativas dessa indústria para o meio ambiente.

      A nomeação das estações de metrô deveria obedecer critérios técnicos, facilitando sua identificação pela população através do uso de referências geográficas, históricas e urbanas.  

      É preciso que a Agetransp e o Ministério Público atuem para impedir que os valores do mercado se apropriem do espaço público, no caso, do nome de uma estação de metrô. Precisamos estabelecer os limites morais do mercado. Há coisas que não devem estar à venda. Não podemos permitir que o patrimônio histórico e cultural das cidades brasileiras seja capturado pelos interesses privados das grandes indústrias e corporações! 

      Assinam este manifesto :
      1. ACT Promoção da Saúde
      2. Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável
      3. IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
      4. FIAN Brasil
      5. Instituto Desiderata 
      6. Grupo de Estudos, Pesquisas e Práticas em Ambiente Alimentar e Saúde (GEPPAAS/UFMG)
      7. Movimento Infância Livre de Consumismo (MILC)
      8. Observatório de Obesidade (UERJ)
      9. Núcleo de Estudos em Saúde e Nutrição na Escola (NESANE/ UFRJ)
      10. Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Ambiente Alimentar (NEPAAL/UFAL)
      11. Grupo de Pesquisa em Epidemiologia, Nutrição e Saúde Pública (Pensap/ Fiocruz)
      12. Associação de Moradores e Amigos de Botafogo (AMAB)
      13. FASE – Solidariedade e Educação
      14. Rede Estadual de Alimentação e Nutrição – RJ
      15. Rede de Agroecologia da UFRJ
      16. Núcleo de Segurança Alimentar e Nutricional da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (NUSAN/UNIRIO)
      17. Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (OPSAN/UnB)
      18. Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Segurança Alimentar e Nutricional (GISAN – INJC/ UFRJ)
      19. ANDI – Comunicação e Direitos
      20. Movimento pela Saúde dos Povos Brasil
      21. Centro de Promoção da Saúde (CEDAPS)
      22. Greenpeace Brasil
      23. Pólis – Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais
      24. Núcleo de Saúde da Mulher e da Criança da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (NUSAMC/UNIRIO)
      25. Gestos (soropositividade, comunicação, gênero)
      26. Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários e Instituições – FEBAB
      27. Instituto 5 Elementos – Educação para a Sustentabilidade
      28. Avante Educação e Mobilização Social
      29. Instituto da Infância (Ifan)
      30. Associação Alternativa Terrazul
      31. Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil)
      32. Laboratório de Vida Ativa – UERJ
      33. ONG GEMDAC – Gênero, Mulher, Desenvolvimento e Ação para a Cidadania
      34. Rede Ecológica Rio
      35. Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Lavras (COMSEA Lavras)
      36. Laboratório Digital de Educação Alimentar e Humanidades (UFRJ)
      37. Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular em Saúde RJ (Aneps-RJ)
      38. Movimento Negro Unificado de Pernambuco
      39. Grupo de Estudos em Segurança Alimentar e Nutricional Prof. Pedro Kitoko (GESAN-UFES)
      40. Casa Fluminense
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