18/09/2025 - Blog Notícias
Da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável
A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável vem a público manifestar seu profundo repúdio à parceria da Prefeitura Municipal de Sorocaba (SP) com a Coca-Cola, a fim de distribuir gratuitamente refrigerantes em terminais do transporte público municipal durante um mês.
Trata-se de mais uma tentativa dos chamados Social Washing e Well-Washing, quando uma empresa utiliza iniciativas sociais e de bem-estar para limpar sua culpabilidade em relação ao prejuízo que já causa à sociedade.
O refrigerante é uma das bebidas adoçadas mais nocivas à saúde quando consumido com frequência: tem alta concentração de açúcar e aditivos químicos, está diretamente relacionado ao aumento dos índices de obesidade, diabetes tipo 2 e outras doenças crônicas. Mesmo as versões modificadas (zero, diet) comprovadamente trazem riscos à saúde por conta dos adoçantes sintéticos.
É ainda mais preocupante o alcance dessa ação junto a crianças e adolescentes que utilizam o transporte público de Sorocaba. Ao incentivar e promover o consumo de refrigerantes em um serviço essencial como o de transporte, o poder público contribui para a formação de hábitos alimentares prejudiciais em uma faixa etária extremamente vulnerável, quando deveria promover iniciativas de educação alimentar e nutricional e acesso a alternativas saudáveis.
A Aliança é uma das signatárias do movimento Kick Big Soda Out – Tirem o Refrigerante de Campo, que pede a organizações como a FIFA e o Comitê Olímpico Internacional que deixem de aceitar empresas de refrigerantes e bebidas açucaradas como patrocinadores numa tentativa de Sports Washing, a limpeza da imagem dessas companhias por meio do esporte. Também defendemos ambientes saudáveis, como escolas que não comercializem ou façam qualquer tipo de parceria com produtos ultraprocessados.
Destacamos que o papel da administração municipal deveria ser o de zelar pelo bem-estar da população, realizando ações de promoção da segurança alimentar e nutricional, saúde e qualidade de vida. Medidas como esta imprimem um verniz midiático, associado a práticas de marketing agressivo, que pode ter certa repercussão nas redes sociais, porém, representam realmente um retrocesso quando falamos do Direito Humano à Alimentação Adequada, de promoção da alimentação saudável e de sustentabilidade.
Na contramão de todas as evidências e consequências do uso destes produtos, notícias como essa fazem a população perguntar quais são as reais prioridades do poder público, principalmente, ao tratar de saúde pública.
As perguntas que precisam ser respondidas pela Prefeitura de Sorocaba são: qual o peso do cuidado às doenças crônicas não transmissíveis nas unidades de saúde? Quanto do orçamento de Sorocaba está sendo dedicado à promoção da saúde?
E quem realmente está ganhando com essa parceria?