08/12/2025 - Clima Alimentação Saúde Notícias

Da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável
A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável marcou presença na COP30 com uma atividade na Zona Azul, espaço oficial de negociações climáticas. A roda de conversa realizada por Glenn Makuta e Elisabetta Recine, integrantes do Núcleo Gestor da Aliança, e Camilla Ceylão, assessora técnica do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), reuniu participantes para discutir um dos temas mais urgentes da agenda global: a transição dos sistemas alimentares.
Em um contexto no qual o debate sobre o tema ganha centralidade, tanto por seu peso nas emissões de gases de efeito estufa quanto por seu impacto direto sobre a saúde das populações, a iniciativa abriu espaço para aprofundar discussões sobre o que significa uma transição realmente justa, considerando diferentes perspectivas sociais, ambientais, econômicas e políticas. A proposta foi problematizar definições, buscar pontos de convergência e evidenciar os desafios que estão colocados quando se fala em justiça, participação social e equidade em torno do tema.
As reflexões trouxeram uma questão fundamental quando se fala sobre transição justa: especificar para quem ela deve ser justa. Para isso, é necessário discutir formas de mensurar justiça em processos tão desiguais como os que marcam a realidade brasileira, avaliando os indicadores que poderiam levar a um sistema alimentar realmente justo, que não significa apenas considerar marcadores de redução de emissões de gases do efeito estufa.
Um ponto convergente nesta discussão é que não há justiça se os grupos mais atingidos pelos impactos da crise climática não participam das decisões. Vulnerabilidade, portanto, não é apenas uma condição a ser considerada, mas pode funcionar como um indicador-chave de justiça e injustiça. Nesse sentido, defender uma transição justa implica enfrentar desigualdades estruturais, fortalecer culturas alimentares locais e garantir participação social efetiva de grupos como povos indígenas, comunidades tradicionais e trabalhadores rurais.
A Aliança seguirá colaborando para qualificar esse debate, fortalecer a participação social e garantir que as soluções apresentadas considerem as pessoas, os territórios e a vida, e não apenas indicadores de carbono. Não há solução climática sem transformar profundamente a forma como produzimos, distribuímos e consumimos alimentos. Para isso, torna-se indispensável trazer a saúde pública e a justiça social para o centro da agenda. Essa é a base para uma transição verdadeiramente justa e sustentável.
