Após matéria divulgada em 09 de maio pela rádio CBN, em que o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, falou pela primeira vez sobre o processo de rotulagem no Brasil, especialistas em saúde pública de diversos países assinaram uma carta conjunta direcionada ao ministro.

 

 

O documento demonstra uma enorme preocupação por parte da comunidade científica internacional ao tomar conhecimento de depoimentos que desconsideram as evidências científicas e as experiências de diversos países com a implementação da rotulagem nutricional de advertências.

 

Durante a entrevista à rádio, Mandetta afirmou considerar adotar um modelo de rotulagem conhecido como “GDA italiano”, em que as informações sobre os nutrientes que estão na tabela nutricional são copiadas para a frente, sem nenhuma indicação ou interpretação que facilite a compreensão e o uso da informação pelos consumidores.

 

 

“Gostaríamos de reforçar o consenso existente entre os principais pesquisadores mundiais em saúde e as evidências científicas que foram conduzidas livres de quaisquer conflitos de interesse de que o GDA é menos eficaz do que a rotulagem de advertência na parte da frente das embalagens para informar aos consumidores sobre a qualidade nutricional dos produtos. Com base nessas evidências, países como Canadá, Israel, Chile, Peru e Uruguai adotaram as advertências”, diz um trecho do documento.

 

 

Os pesquisadores ainda destacam a importância de informações claras em produtos com excesso de açúcar, sal e gorduras – nutrientes prejudiciais à saúde.  “O consumo excessivo desses alimentos e bebidas não saudáveis é uma das principais causas da obesidade e suas doenças relacionadas”, afirmam.

 

Modelo ultrapassado. Até para a indústria

 

 

Cabe ainda destacar que o GDA já tinha sido descartado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão responsável por estabelecer as regras de rotulagem no Brasil, em 2017, e inclusive pela indústria de alimentos, que defende um sistema que coloca as cores do semáforo sobre cada um desses nutrientes.

 

 

Na carta enviada, os pesquisadores apresentam os inúmeros resultados encontrados a respeito de qual modelo de rotulagem é o mais eficiente para informar a população. Um estudo conduzido em 2017 por pesquisadores do Uruguai apontou que com rótulos de advertência, os adultos tinham mais clareza sobre qual alimento era prejudicial à saúde em comparação ao modelo de GDA.

 

Outra pesquisa, desta vez feita com crianças, comparou o modelo de semáforo com as advertências e demonstrou novamente a efetividade das advertências em informar adequadamente a pessoas de diferentes idades e graus de escolaridade sobre os alimentos que elas consomem.

 

 

Rotulagem Nutricional Adequada Já!

 

 

Diversas tentativas de comunicação com o ministro já foram feitas, porém, até o momento, não foram atendidas. Após as declarações, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa de Consumidor), que defende a rotulagem de advertência, enviou pedidos de audiência com Mandetta para tratar das políticas de controle da obesidade, porém ainda não foi recebido.

 

 

Em maio, a Aliança, enviou uma carta de repulsa às declarações do  ministro, mas até o momento também não recebeu nenhuma resposta.

 

 

As organizações, agora, aguardam uma posição em relação à carta enviada pelos especialistas.

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