Por meio de medida provisória, presidente Jair Bolsonaro encerra principal
canal de diálogo sobre alimentação entre sociedade e governo

Garantir uma alimentação adequada e saudável para os brasileiros não é um trabalho fácil. Os obstáculos e desafios são diversos, e é preciso uma sociedade unida e organizada para que esse direito seja uma realidade para toda a população, sem exceção.

A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, desde sua criação, tem como objetivo propor e fortalecer políticas públicas que garantam a soberania e a segurança alimentar e nutricional no Brasil. Sendo assim, a decisão do presidente Jair Bolsonaro de extinguir o Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional) foi recebida com pesar e preocupação pelos membros da Aliança.

O Conselho, criado na década de 90 a partir de diferentes segmentos da sociedade, como o Movimento pela Ética na Política e Ação da Cidadania Contra a Fome, tem papel fundamental na elaboração e monitoramento de políticas relacionadas à saúde, alimentação e nutrição, sendo o canal, definido por lei aprovada em 2006, de diálogo entre a sociedade civil e a Presidência da República e diferentes setores de governo.

A sua atuação é histórica e reconhecida internacionalmente como modelo a ser seguido. Foi nele que discussões sobre a revisão da rotulagem nutricional e a implementação da NBCAL (Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância), por exemplo, foram priorizadas na agenda governamental. O Consea tem fundamental relevância na proposição de estratégias que contribuem para ambientes alimentares mais saudáveis e sustentáveis, incluindo as compras institucionais e a educação alimentar e nutricional nas escolas.

A extinção do Consea por meio da Medida Provisória 870 acontece, sobretudo, em um momento crítico: o Brasil pode voltar ao Mapa da Fome, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). O conselho foi importantíssimo para que o País deixasse o mapa em 2014, e seu espaço de debate deveria ser preservado para evitar que esse problema volte a fazer parte da vida das famílias  brasileiras.

Após a divulgação da medida provisória, membros da Aliança, como a Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), o Greenpeace, o CFN (Conselho Federal de Nutricionistas), a Asbran (Associação Brasileira de Nutrição), o FBSSAN (Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), o projeto Reaja (Rede de Estudos e Ações em Justiça Alimentar) e a IBFAN Brasil (Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar)  – entre outras organizações – se posicionaram sobre o tema.

A Aliança afirma que ainda que fique mantida a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e o Sisan (Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), haverá perdas para a sociedade, já que o Consea é elemento central como ordenador do Sistema. Por isso, espera que o Governo reconsidere sua decisão e reinstale este espaço de diálogo com os setores e entidades envolvidas no desenvolvimento da Política Nacional e no fortalecimento do Sisan para que não se aprofundem os prejuízos para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável.

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1 Comment

  • byHenrique
    Posted 11/01/2019 05:18 0Likes

    Sou atual presidente do Consea municipal de São José de Ribamar-MA, minha opinião é uma perca grande para a sociedade o fim do Consea, mais acredito também que contribuímos para que isso acontecesse, o motivo pelo por esta OPINIÃO, é que esquecemos de fazer política pública, e o Consea passou a fazer política partidária isso muito ruim as consequências são essas, eu sou também conselheiro de saúde, em reunião do conselho de saúde, no primeiro turno, cada conselheiro fez comentário em quem votaria, eu disse que não ia e não votei em nem um candidato, até porque ainda não tinha visto eles faremos, o que defendemos, estavam mais em falar de notícias falsas, e também quando veio o segundo turno, o Consea se manteve na mesma linha de política partidária, enquanto o sertor da bancada ruralista, que defendem o agrotóxicos, se movimentava, se reunindo com o atual presidente da república, não votei nele, mais não vi ninguém da sociedade civil inclusive do Consea procurar para ouvir e dizer a importância do Consea na políticas de segurança alimentar e nutricional. A pergunta que faço é você daria apoio a quem lhe procura ou aquem fica distante de você. Essa é minha opinião. Espero não estar errado sobre como o Consea se posicionou durante a eleição.

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