24/03/2018 - Notícias
Especialistas questionam o patrocínio da Coca-Cola e do McDonalds aos jogos olímpicos de inverno
Se marcas de cigarro não podem patrocinar os jogos olímpicos, por que a Coca-Cola pode? A pergunta é o título de um artigo publicado recentemente por dois especialistas em saúde pública no jornal britânico The Guardian. Eles questionam como a organização do maior evento esportivo do mundo permite que empresas que sabidamente contribuem para a crise global de obesidade influenciem milhões de crianças e jovens de todo o mundo.
Os autores, Ian D. Caterson, da World Obesity Federation, e Mychelle Farmer, da NCD Child, vão direto ao ponto: “Refrigerante e comida junk claramente desempenham um papel substancial na epidemia de obesidade infantil no mundo todo. As Olimpíadas são um dos mais importantes eventos [mundiais] e nós prestamos um grande desserviço à futura geração de possíveis atletas ao permitir a associação dos jogos com empresas que promovem uma epidemia”.
Um conjunto cada vez mais robusto de evidências ligam o consumo de produtos ultraprocessados ao sobrepeso e à obesidade. As bebidas adoçadas são sabidamente uma das principais causas de obesidade e diabetes em todo o mundo. Alimentos industrializados altos em sódio, açúcar e gordura favorecem o ganho de peso que, por sua vez, leva a doenças do coração e ao desenvolvimento de pelo menos 13 tipos de câncer.
E, na mesma dinâmica empregada pela indústria do tabaco e do álcool décadas atrás, a indústria de alimentos investe pesadamente em confundir opinião pública e assegurar, via patrocínios milionários, a sua posição de destaque na linha de frente da publicidade, principalmente aquela voltada a crianças e jovens.
“A propaganda do cigarro acabou há duas décadas. Já chegou a hora de aplaudirmos a elite do esporte sem ter que nos deparar com a propaganda constante de fast food. O slogan da Coca-Cola diz ‘aproveite o sentimento’. Com a epidemia de obesidade em disparada, é hora de controlar o sentimento e de banir a publicidade que está alimentando uma crise global”.
O artigo completo pode ser lido aqui, apenas em inglês.