04/05/2018 - Notícias
Reportagem mostra como as crianças recebem os vídeos das celebridades digitais devorando comida não saudável
Uma pesquisa rápida e informal feita pelo YouTuber Luccas Neto, mostrou uma realidade assombrosa: mais de 70% de sua audiência na plataforma de vídeos é composta por crianças menores de 12. Ou seja: seu público é formado por pessoas que estão atravessando seus primeiros anos e, por isso, ainda estão adquirindo maturidade para enfrentar a vida adulta e são inaptos a distinguir o caráter persuasivo das mensagens publicitárias. Neto acumula hoje mais de 14 milhões de “seguidores”.
É a esse público que ele e outras celebridades da era digital exibem seus vídeos devorando “o maior hambúrguer do mundo”, bolos enormes e guloseimas tamanho família. Em um vídeo visto por mais de 14 milhões de pessoas, o irmão do também YouTuber Felippe Neto se joga em uma banheira cheia de chocolate derretido “por pura diversão”, como descreveu. O YouTube afirma que sua plataforma é voltada para maiores de 13 anos – o que, nota-se pela pesquisa informal de Neto, não é a realidade da vida real.
Reportagem recente do jornal O Globo deu uma pequena amostra de como esses conteúdos influenciam negativamente as crianças. Pais relatam que seus filhos passaram a só falar e desejar comidas não saudáveis em tamanho gigante depois de passar horas sob a influência de personalidades como os irmãos Neto.
“Comidas que, antes, duravam 15 dias em casa, ele [seu filho] passou a devorar em dois”, conta o responsável por um menino de 10 anos, usuário assíduo da plataforma de vídeos. “Hoje, ele está há um mês sem assistir a esses canais e sua rotina alimentar melhorou”. A criança chegou a engordar quatro quilos no período em que assistia a vídeos como o da banheira de chocolate.
Há muito se sabe dos efeitos perversos da publicidade de alimentos não saudáveis direcionada ao público infantil. Por exemplo: crianças que já enfrentam sobrepeso podem aumentar em até 134% o consumo de alimentos com altos teores de sódio, açúcar e gorduras trans e saturadas quando expostas a propagandas. A própria Justiça brasileira vem reforçando o entendimento de que não é admissível que a indústria de alimentos anuncie para crianças. Mas, na era da internet, onde a propaganda é cada vez mais velada e o volume de conteúdo é cada vez maior, a discussão precisa avançar mais rapidamente.
Como sintetizou Ekaterine Karageorgiadis, do Instituto Alana, ao jornal O Globo, essa é uma preocupação de saúde pública.
Leia aqui0 a reportagem completa do jornal O Globo. Baixe aqui a publicação Direito Sem Ruído do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) que celebra decisão histórica do Supremo Tribunal de Justiça sobre a publicidade de alimentos dirigida à criança.