23/02/2018 - Notícias
No Reino Unido, mais de 50% da dieta é composta por esse tipo de alimento – o maior índice da Europa, segundo levantamento coordenado por Carlos Monteiro, professor da USP
Pesquisa coordenada pelo professor Carlos Monteiro, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Universidade de São Paulo (USP), chamou a atenção do jornal The Guardian. No último dia 2, a publicação estampou uma extensa matéria a respeito do consumo exagerado de alimentos ultraprocessados pelas famílias britânicas.
Os dados fazem parte de um estudo que avaliou os hábitos alimentares em 19 países europeus. A partir do levantamento, identificou-se que o consumo de ultraprocessados no Reino Unido é o maior da Europa: 50,7% de toda a dieta britânica é composta por esse tipo de alimento.
Os resultados foram publicados em uma recente edição do periódico especializado Public Health Nutrition dedicada exclusivamente aos ultraprocessados e sua influência sobre a saúde humana.
Criação da indústria
A reportagem do The Guardian ressalta que alimentos ultraprocessados são altos em nutrientes que podem ser prejudiciais à saúde, baixos em qualidade nutricional e repletos de aditivos químicos. E estão tomando o lugar dos alimentos in natura e minimamente processados, aqueles que passam por processos menos agressivos de industrialização, como o arroz e o feijão. “A comida de verdade vem sendo substituída por petiscos muito salgados, cereais muito açucarados, refeições prontas, pães industrializados e bebidas adoçadas”, diz a reportagem.
“Os ultraprocessados são essencialmente criações da indústria de alimentos, feitas com ingredientes de baixo custo em um produto atraente”, disse ao jornal o pesquisador Carlos Monteiro. “Se você olhar para o macarrão instantâneo, por exemplo, [verá que] ele é composto basicamente por óleo, amido e aditivos. Você não está comendo macarrão de verdade”. O mesmo acontece com cereais matinais, cujo percentual de açúcar é superior a 40%.
Jean-Claude Moubarac, pesquisador da Universidade de Montreal que coordenou o estudo juntamente com Monteiro, completa: “Não existe isso de que não existe comida boa ou ruim”, como quer fazer crer a indústria de alimentos. “Recomendamos que as pessoas diminuam e evitem o consumo de comida ultraprocessada porque ela tem baixa qualidade nutricional”.
A reportagem completa poder lida aqui, apenas em inglês. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) publicou aqui uma síntese da reportagem.