03/06/2020 - Blog Notícias
O Núicleo RS da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável assina a Carta Aberta do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional Dos Povos Tradicionais De Matriz Africana para Aquisição de Cestas Básicas, e também apoia a campanha Ajudar meus Amigos a Ajudar.
No último dia 21 de maio, foi entregue uma ao juiz responsável pela Ação Civil Pública que discute a ausência de políticas públicas de segurança alimentar para Povos Tradicionais de Matriz Africana durante a pandemia de coronavírus no Rio Grande do Sul. A Carta Aberta solicita medidas imediatas para combater a fome, providenciando o abastecimento alimentar mediante a aquisição, logística de transporte e distribuição de 1000 cestas básicas saudáveis e culturalmente adequadas para atender as mais de 780 famílias que já haviam se cadastrado na Região Metropolitana e para atender as 200 famílias em Uruguaiana informadas recentemente.
O documento foi elaborado pelo Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana/RS, Sociedade de Matriz Africana Riograndense e Federação Riograndense de Associações Comunitárias e de Moradores de Bairros e a ODABÁ-REAFRO Associação Gaúcha de Afroempreendedorismo contando com o apoio da Comissão Especial de Igualdade Racial da OAB/RS, da Comissão de Direitos Humanos Sobral Pinto (OAB/RS), do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, da Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares/RS e do Núcleo Rio Grande do Sul da Aliança pela Alimentação Saudável e Adequada. Para aderir à Carta Aberta, envie e-mail para <adm.rs.fonsanpotma@gmail.com> com o nome da entidade e direção.
Após o envio da carta, o processo foi enviado para a vara ambiental de Porto Alegre entendendo o juiz que a segurança alimentar debatida decorre do patrimônio cultural brasileiro. E até dia 02 de junho, ainda não foi decidido o pedido liminar.
“O Brasil ainda oferece o quadro da fome”
Para a coordenadora Executiva Estadual da FONSANPOTMA/RS, Iyalorixá Vera Soares, ”antes de que o vírus se empoderasse e tomasse conta do mundo, a fome no Brasil já era uma realidade porque as políticas de segurança alimentar foram desqualificadas antes que essa paralisação acontecesse. Durante a paralisação a situação se agrava porque famílias ficam à mercê: homens desempregados, mulheres – que hoje, no século 21 a grande maioria das famílias são gestadas por mulheres, mulheres de periferia, mulheres pobres, mulheres pretas, mulheres pobres brancas, mulheres de tradição de matriz africana – que gestam suas famílias e que têm a dificuldade de botar alimento na mesa.”
E conclui,“a inoperância e ausência do estado Brasileiro nas políticas públicas que atendam a essa parcela expressiva da população, a ausência do Poder Público deixam a sequela da fome aumentando e assolando o povo brasileiro na sua grande parcela, na sua grande maioria. O Brasil ainda oferece o quadro da fome.”
Para Leonardo Ferreira Pillon, membro do Comitê Gestor do Núcleo RS da Aliança e Conselheiro do CONSEA-RS, “a diferença de velocidade entre a compra de cestas básicas e a entrega é o contraste da nossa crise institucional que usa as aparências como mecanismo de esquecimento daquilo que deixa de fazer. Ou melhor, pensando na biopolítica tão atual, de quem a instituição Estado opta por deixar morrer de fome e de quem faz viver salvando nos hospitais.”
O advogado completa: “saúde Planetária, saúde individual e soberania alimentar são complementares: a prioridade da saúde das pessoas só existe se houver satisfação do direito de estar livre da fome, com alimentos saudáveis e produzidos com respeito e harmonia com a Natureza de modo redundantemente sustentável. A demora de acesso a recursos essenciais, sejam na forma de alimentos ou produtos de higiene, aprofunda a nossa crise de modelo de civilização individualista, competitiva, colonialista e violenta cujo colapso estamos sentindo“.
Campanha “Ajudar meus amigos a ajudar”
Para superar a fome, a FONSANPOTMA/RS criou a campanha “AJUDAR MEUS AMIGOS, A AJUDAR!” com o objetivo de arrecadar alimentos. O Núcleo RS da Aliança apoia a campanha! Para saber como doar, acompanhe a melodia e siga a música da campanha, neste áudio (clique para ouvir a mensagem). As doações serão entregues nas Unidades Territoriais Tradicionais no Rio Grande do Sul.