O Acordo de Paris reconhece a interconexão entre clima e alimentação, ao priorizar a segurança alimentar e erradicação da fome, a resiliência dos sistemas de produção de alimentos e promoção de consumo e produção sustentáveis

Da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável

Em 2015, durante a COP21 em Paris, líderes de quase todos os países do mundo firmaram um compromisso global para conter a crise climática e construir um futuro sustentável, comprometendo-se a limitar as emissões de gases de efeito estufa até 2025, e a reduzi-las até 2030. No papel, foi um marco histórico, mas na prática os resultados ainda estão muito aquém do necessário.

As três metas principais definidas no Acordo são:

  • limitar o aquecimento global a menos de 2°C, buscando 1,5°C;
  • aumentar a capacidade de adaptação e resiliência dos países;
  • garantir investimentos e financiamentos alinhados com um desenvolvimento de baixas emissões.

    Ele também reconhece a interconexão entre clima e alimentação, ao priorizar a segurança alimentar e erradicação da fome, a resiliência dos sistemas de produção de alimentos e promoção de consumo e produção sustentáveis.

Ainda que o Brasil tenha retomado a trajetória de garantia da segurança alimentar e nutricional, saindo novamente do Mapa da Fome em 2024, o relatório EAT–Lancet Commission 2.0 estima que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo continuam subnutridas, apesar de a produção de alimentos no mundo ser suficiente para alimentá-las. Esse número é agravado, dentre outros fatores, pelas desigualdades e pelos efeitos das mudanças climáticas. Eventos climáticos extremos, como seca, enchentes e ondas de calor, elevam o preço dos alimentos e intensificam a insegurança alimentar e nutricional, especialmente nos países do Sul Global. 

O ano de 2024 foi o mais quente dos últimos 175 anos, ultrapassando a barreira dos 1,5ºC. Isso demonstra que entre os compromissos assumidos no papel e as práticas nos territórios, muito ainda está deixando de ser feito. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), ainda é possível limitar o aquecimento global a 1,5ºC. Para isso, é necessária uma mobilização global urgente, com liderança ativa do G20.

Durante a COP30, que acontecerá em novembro de 2025 em Belém, os países deverão discutir suas novas metas climáticas, as chamadas  Contribuições Nacionalmente Determinadas 3.0 (NDCs 3.0), que conforme os compromissos assumidos no Acordo de Paris, devem ser mais ambiciosas e progredir em relação às metas apresentadas anteriormente. Infelizmente, na prática, o que temos visto é que muitos países nem sequer atualizaram as suas metas, ou as ações concretas seguem aquém do que é preciso ser feito. 

Nós, da Aliança, estaremos de olho! Transformar nossos sistemas alimentares é parte essencial da ação climática global.

Acompanhe nossos conteúdos para saber mais sobre COP30 e sistemas alimentares.

 

Referências:

Acordo de Paris, 2015. Disponível em:  https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-08/Acordo-de-Paris.pdf. Acesso em 02. out. 2025

 UNFCCC. NDC 3.0: Nationally Determined Contributions. 2024. Disponível em: https://unfccc.int/ndc-3.0. Acesso em: 01 out. 2025.

United Nations Environment Programme. 2024. Emissions gap report 2024: no more hot air, please! with a massive gap between rhetoric and reality, countries draft new climate commitments. Disponível em: https://wedocs.unep.org/20.500.11822/46404. Acesso em: 09 out. 2025.

FAO, IFAD, UNICEF, WFP and WHO. 2025. The State of Food Security and Nutrition in the World 2025 – Addressing high food price inflation for food security and nutrition. Rome. https://doi.org/10.4060/cd6008en

Rockström, J., Willett, W., Bignet, V., et al. 2025. The EAT–Lancet Commission on Healthy, Sustainable, and Just Food Systems. The Lancet, 406(10512): 1625–1700.

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