Com o intuito de contribuir com os debates no processo de realização da 6a Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável (Aliança)1 elaborou este documento apresentando prioridades para a agenda de políticas públicas em segurança alimentar e nutricional (SAN) e infância que garantam o direito da criança comer de forma adequada e saudável.

Os últimos anos foram marcados por uma crise político-econômica no Brasil. No período de 2016 a 2022, foi implementada política de austeridade fiscal, houve o desmonte de políticas sociais e de garantia de direitos e de espaços de participação social. Isso acarretou o aprofundamento das disparidades socioeconômicas já existentes, colocando parte da população em situação de maior vulnerabilidade [1]. Esse contexto fez com que, em 2022, 33 milhões de pessoas estivessem em situação de insegurança alimentar grave, ou seja, com fome. A gestão desastrosa das respostas à pandemia de COVID-19 pelo governo federal contribuiu para agravar esta situação [2].

Para enfrentar a insegurança alimentar (IA), é preciso considerar a coexistência de diferentes formas de má nutrição ᅳ a desnutrição e a deficiência de micronutrientes convivem com o excesso de peso, às vezes numa mesma casa. Quando estes problemas estão presentes na primeira infância, podem gerar impacto ao longo de toda a vida do indivíduo, visto que o período entre zero e seis anos de idade é primordial para o desenvolvimento e crescimento [3]. Proteger a primeira infância dos problemas de má nutrição perpassa garantir o direito humano à alimentação adequada e saudável (DHAA) da criança, desde a amamentação até a alimentação complementar adequada e saudável, um esforço que Estado e sociedade devem fazer em conjunto. Nas últimas décadas, o Brasil mostrou avanços nas taxas de amamentação, porém, ainda estamos muito abaixo do recomendado, especialmente, em relação à amamentação exclusiva até os 6 meses [4].

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  1. GUERRA, L.D.S. ComiDHAA de verdade para todos: desafios para a efetivação do direito humano à alimentação adequada no cenário de crises no Brasil. Saude soc [Internet]. 2022;31(2):e210370pt. Disponível em:: https://doi.org/10.1590/S0104-12902022210370pt. Acesso em 05/11/2023.
  2. REDE BRASILEIRA DE PESQUISA EM SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL. II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID-19 no Brasil [livro eletrônico]: II VIGISAN: relatório final. São Paulo, SP: Fundação Friedrich Ebert: Rede PENSSAN, 2022.
  3. KAC, G.; CASTRO, I.R.R.; LACERDA, E.M.A. Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil: evidências para políticas em alimentação e nutrição. Cadernos de Saúde Pública, v. 39, p. e00108923, 2023.
  4. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Aleitamento materno: Prevalência e práticas de aleitamento materno em crianças brasileiras menores de 2 anos 4: ENANI 2019. – Documento eletrônico. – Rio de Janeiro, RJ: UFRJ, 2021. (108 p.). Coordenador geral, Gilberto Kac. Disponível em: https://enani.nutricao.ufrj.br/index.php/relatorios/. Acesso em: 22.09.2023.

 

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