23/11/2010 - Blog Notícias
O Boletim Nutrindo a Mudança de Novembro traz a reverberação das eleições, a COP 27, o Dia da Consciência Negra e a Copa do Qatar. Na luta contra os agrotóxicos e o agronegócio, mais um capítulo do enfrentamento do Pacote do Veneno e a organização das mulheres do MPA na caminhada agroecológica. Para completar, muitas dicas de publicações, cursos, vídeos e novidades!
O Boletim Nutrindo a Mudança é uma realização do Movimento Urbano de Agroecologia de SP – o MUDA SP – e conta com apoio de X, X e X, leia a íntegra abaixo, ou clique aqui para fazer download da versão em PDF.
Edição de Novembro – (Clique no título da matéria para abrir o texto completo)
Da COP à COPA, o planeta segue um jogo dramático entre a bolsa de poucos e a vida de todos
Por Susana – C. P. C. A. P. V. e MUDA-SP
Há 30 anos atrás, o Brasil, país do futebol de Pelé, sediava a Rio 92. A conferência internacional sobre a situação ambiental do planeta foi a primeira a debater o tema das mudanças climáticas e abriu a possibilidade de iniciarmos um processo de transformação rumo à reversão do colapso da natureza. Sim, representantes de países do mundo inteiro vieram para cá, porque, além de sermos a terra do futebol de Pelé, somos o país das florestas, como as que compõem a Amazônia, e aqui se vislumbrava um caminho de reconfiguração das relações entre os seres humanos e o ambiente. Nosso verde, tão presente nas matas, era a cor da esperança, que também ondulava na nossa bandeira.
Estamos em 2022, ano em que acaba de ser realizada a 27ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas – COP27, e muitas águas passaram sobre a Rio 92. O planeta segue sendo consumido por um sistema de maximização dos lucros para uma ínfima minoria e de privação de direitos para grande parte da humanidade. A biodiversidade vem sendo reduzida e as emissões de gases de efeito estufa seguem crescendo. O cumprimento das metas definidas internacionalmente para controlar esse cenário é empurrado para um futuro que parece nunca chegar.
Por falar em chegar, se o Brasil chegou a ser uma referência para o mundo em políticas sociais e ambientais bem no comecinho do segundo milênio, os últimos anos, iniciados após o golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, trataram de destruir essa imagem. Temer deu origem a uma desconstrução dos mecanismos que nossa sociedade havia conquistado, a duras penas, para proteger nossa população e nosso ambiente contra a exploração desmedida por parte das grandes corporações. E Bolsonaro chegou para tentar enterrar de vez nossos programas governamentais de proteção de direitos, seja de pessoas ou da natureza, junto com os quase 700 mil mortos, que a COVID 19 causou no Brasil, nesses três anos de pandemia. Sabemos que, assim como boa parte dessas mortes poderia ter sido evitada se tivéssemos um governo federal minimamente responsável, boa parte da destruição ambiental que ocorreu em nosso território nesse período também poderia não ter ocorrido.
Embora o mundo inteiro siga andando de lado quando se trata de cumprir os compromissos assumidos em relação às mudanças climáticas, nosso país foi um dos poucos que, em pleno pico da pandemia, teve suas emissões de gases de efeito estufa aumentadas, ao invés de reduzidas. E esse aumento, que foi de quase 10%, é devido, sobretudo, ao crescimento intenso do desmatamento que nossos biomas vêm sofrendo: quase metade das emissões de 2021 pode ser atribuída à destruição das florestas.
Derrubar a vegetação nativa, seja na Amazônia, seja em áreas de cerrado, da mata atlântica, do Pantanal ou dos pampas, é uma atividade diretamente ligada ao modelo agrícola de produção, adotado pelo Agronegócio brasileiro. E é uma forma de abrir espaço para a ampliação das monoculturas de commodities para exportação e para a criação pecuária. Não é à toa que os recordes de desmatamento são acompanhados dos recordes de produção de grãos, como soja e milho, e que a exportação de carne segue turbinando o bolso dos donos de frigoríficos.
O que deixa a situação ainda mais dramática é que toda essa destruição ambiental – supostamente para aumentar a área de cultivo de grãos e de pasto para o gado – tenha ocorrido conjuntamente com o aumento expressivo da fome no país. Estamos, mais uma vez, como tantas vezes em nossa história de colônia, explorando insustentavelmente nosso território para enviar o produto dessa exploração ao exterior.
Se, há décadas, o nosso país é “recordado” no mundo todo por ser campeão no futebol, nos últimos anos ele tem concorrido a esse título em outras modalidades muito menos honrosas. Pior gestão da pandemia, recordista em violência contra ativistas e populações tradicionais, único país do mundo que hoje adota oficialmente um conjunto de compromissos climáticos inferior ao que adotou há anos atrás junto à ONU – estes são alguns títulos que andamos conquistando durante o atual desgoverno.
A eleição de Lula trouxe uma perspectiva positiva para que possamos reverter os desastres nas políticas socioambientais brasileiras dos últimos anos e sua participação na COP 27 já reconfigurou o cenário internacional quanto às questões climáticas, dada a importância do Brasil no setor e a equipe de pessoas, como Marina Silva e Sônia Guajajara, que ele está envolvendo no processo de transição de governo.
A criação do Ministério dos Povos Originários, o compromisso com o desmatamento zero na Amazônia e a afirmação de que “não precisamos desmatar nem um metro de floresta para seguirmos sendo um dos maiores produtores de alimentos do mundo, já que temos 30 milhões de hectares de terras degradadas e conhecimento tecnológico para torná-las agricultáveis” renderam manchetes nos principais veículos da mídia internacional e já geraram impactos positivos, como o anúncio da liberação dos fundos que a Noruega havia destinado ao combate aos problemas ambientais da região amazônica e que estavam bloqueados devido às ações trágicas do atual presidente da nação. Mas sabemos que, dentro e fora do país, existem conflitos muito difíceis de serem administrados e mais ainda de serem resolvidos.
Se seguirmos permitindo que nosso território seja utilizado como um fazendão para produzir commodities para o mercado internacional – sempre a base da perpetuação do latifúndio de origem escravagista, da destruição da biodiversidade, da contaminação por venenos agrícolas e da usurpação dos recursos naturais, como a água e a energia -, será impossível contribuir verdadeiramente para modificar o cenário de caos climático que nos ameaça globalmente. Redistribuir terras, crédito, insumos e responsabilidades é essencial para evitar o colapso ambiental e proporcionar uma inclusão social real, aquela que vai muito além do simples consumo – que, como já vimos anteriormente, é insuficiente para garantir que a população participe da construção da nossa democracia.
Organizações ambientais brasileiras fizeram um mapeamento das medidas pró-desmatamento ocorridas durante o desgoverno Bolsonaro e mencionam que o número chega ao menos a 400! Segundo o Observatório do Clima, o novo governo precisaria promover um “Revogaço” no setor, sobretudo no que diz respeito a um conjunto de 80 a 100 dessas medidas, já que a manutenção delas impediria qualquer possibilidade de avanço na reconstrução das nossas políticas ambientais. Uma das principais urgências é reestruturar o CONAMA, Conselho Nacional de Meio Ambiente, desconfigurado pela atual gestão.
No plano internacional, sabemos que as metas climáticas que seriam necessárias para manter a temperatura abaixo de um ponto absolutamente crítico estão a uma imensa distância de se tornarem realidade. Da Rio 92 para o ano de 2020, o mundo aumentou em 50% as emissões anuais de gases de efeito estufa. E, se é verdade que o aumento da produção de grãos foi bem maior do que isso, chegando quase a dobrar de 1992 até hoje – quando está beirando os 3 bilhões de toneladas anuais -, a “riqueza” gerada por este aumento não significou a diminuição da fome e da miséria que assola uma boa parte da população do planeta, muito pelo contrário, as desigualdades econômicas vêm aumentando. E também há evidências, como sugere um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Stanford, de que o volume produtivo agrícola, apesar de ter crescido, ficou entre 10 e 40% menor do que teria sido no período mencionado devido às alterações do clima. Além disso, os impactos, que a agricultura convencional vem gerando, no ambiente são sentidos de forma muito diferente pelos habitantes do norte e do sul global, bem como por homens e mulheres.
É aqui que entramos em uma questão espinhosa: quem são os responsáveis e quem são os mais atingidos pelos desequilíbrios ambientais? Ou ainda, quem é que tem que pagar essa conta? Enquanto os países detentores da maior parte do PIB mundial – de longe os maiores geradores de emissões – não assumirem sua dívida com os países mais pobres nesse sentido, tomando as medidas necessárias para interromper a destruição que causam e para financiar as adaptações que todos terão que fazer, não é possível imaginar que a realização de eventos, como as COPs, possam trazer alguma luz no final desse túnel em que mergulhamos. Esse foi um dos pontos fortes do discurso de Lula na COP 27, o que pode ter contribuído para que, nas últimas horas do encontro, as nações participantes concordassem em incluir, entre os encaminhamentos definidos, a criação de um fundo para a reparação de perdas e danos climáticos, destinado apenas aos países considerados particularmente vulneráveis. Como, exatamente, tal fundo iria funcionar e qual seria a data concreta para seu início são questões ainda em aberto, para as quais deveremos ter respostas apenas em 2024. Será que isso significa que, até lá, a elite econômica do planeta vai seguir enriquecendo às custas dos sofrimentos, causados pelos problemas ambientais que ela gera, por parte da população mais pobre?
A captura do debate ambiental e a apresentação de falsas soluções pelas grandes corporações é outro ponto que merece atenção e foi tema de discussão no webinário Os nexos entre a Cúpula dos Sistemas Alimentares e as Conferências de Biodiversidade e Mudanças Climáticas da ONU, realizado, no último dia 17, pela Conferência Popular por Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional e pela FASE. O encontro debateu temas como governança, multilateralismo e participação social e, segundo André Luzzi, um dos organizadores do evento, trouxe elementos para nortear o governo Lula na política internacional, já que buscou apontar “caminhos para o novo governo consolidar uma política externa com foco na cooperação solidária, na autonomia e na garantia da soberania alimentar dos diferentes povos”.
Voltando à esfera nacional: no mês em que estamos ocorre o Dia Nacional da Consciência Negra – celebrado em 20 de novembro – e é mais do que fundamental explicitar que o povo afrodescendente sofre os danos da crise ambiental com muito mais força do que a população branca. O racismo ambiental é grave e temos que reconhecer que ele existe e agir para combatê-lo. Negros e negras ainda recebem salários bem menores e são vítimas de condições de vida muito mais duras, tendo menos acesso à água, alimentos, moradia, serviços de saúde e educação, o que se traduz em menor possibilidade de lidar com problemas decorrentes dos desequilíbrios ambientais, como secas, enchentes e surtos de doenças, por exemplo. Sem uma política fortemente anti-racista não iremos avançar na reconstrução do país.
Enfim, chegamos à Copa do Mundo, que ocorre em um período do ano bem diferente do que o habitual. A seleção brasileira, que já foi campeã tantas vezes graças ao talento de jogadores negros, está no Qatar para participar dos jogos. Mas será que depois que as cores verde e amarela da nossa bandeira foram tão horrivelmente apropriadas pelo fascismo brasileiro, vamos conseguir vesti-las para torcer nos jogos deste campeonato? A dificuldade fica ainda maior quando sabemos que o país anfitrião, um regime ditatorial, como o que os fascistas daqui sonham em implantar no Brasil, massacrou milhares de trabalhadores nas obras para receber o evento. O que choca ainda mais é que o público que vai acompanhar os jogos no país ficou revoltado, mas não com a violência cometida contra os operários e, sim, com a proibição da venda de cerveja nas imediações dos estádios!
O que fica nítido, neste novembro de 2022, é que, da COP à Copa, a luta que precisamos seguir enfrentando para sobreviver segue sendo a que se dá entre aqueles poucos que vêm enchendo seus bolsos de dinheiro às custas da destruição da natureza e aqueles muitos que formam a multidão de pessoas exploradas por esse sistema insustentável, que não garante nem um prato de comida diário adequado em suas mesas.
Passado novembro, virá a 15ª reunião da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CBD), que acontecerá no Canadá, de 7 a 19 de dezembro. Vale lembrar que o financiamento que foi acordado em 2010 – e que seria destinado à promoção de medidas concretas para reverter a devastação biológica causada pela sociedade humana nas últimas décadas – ainda não saiu da esfera das “boas intenções”. E tal falta de pressa na liberação de recursos ocorre quando já sabemos que nossa espécie é a responsável pela 6ª extinção em massa da história da Terra.
Que tenhamos força para lutar nessa caminhada pela justiça social e climática até que todos os habitantes do planeta tenham direitos e responsabilidades condizentes com a dignidade e a plenitude da vida. Que aqui, no nosso imenso Brasil, o verde possa voltar para nossas florestas, vestindo nossos territórios nas cinco regiões e nos seis biomas do país. Que ele seja como uma camisa vegetal viva e pulsante, capaz de proteger os nossos solos e renovar as esperanças de um futuro saudável para todxs.
É para essa vitória que vale a pena torcer!
Saber Funcional: Vamos celebrar a cultura alimentar afro-brasileira no mês que abriga o Dia da Consciência Negra
Por Valéria Paschoal – VP Consultoria Nutricional
O Brasil é rico e diverso em todas as suas esferas, principalmente na cultura. Somos um país que herdou saberes e tradições de outros povos e uma boa parte deles pertence à cultura afro-americana. A culinária afro-americana é enraizada em nosso país e, muitas vezes, comemos e não sabemos de sua história.
Essa culinária se define pela utilização de ingredientes da biodiversidade como o inhame, a banana da terra, a pimenta malagueta, o coco, o tamarindo, os feijões, os camarões secos, as ervas frescas e as especiarias. É uma culinária que se dá a partir das misturas de ingredientes, técnicas de preparo e conservação dos alimentos.
O cuscuz, leite de coco, quiabo, acarajé, vatapá, canjica, cocada, feijoada são exemplos de alimentos ou refeições que fazem parte da nossa cultura.
Você já provou Bobó? Experimente!
Bobó de camarão
Ingredientes:
500g de camarão limpo
500g de aipim cozido e picado
2 maços de coentro
2 tomates picados
1 cebola picada
5 dentes de alho amassados
3 colheres de azeite
1 colher de colorau
1/2 litro de leite de coco
1 colher rasa de sal
Modo de preparo: Aqueça a panela de barro, ponha o azeite e frite o alho, depois ponha o colorau e em seguida o camarão. Deixe refogar um pouco, depois coloque o tomate, a cebola e o coentro. Deixe refogar mais 3 minutos. Coloque o sal e o azeite. Bata no liquidificador o aipim junto com o leite e mais 5 colheres do molho do camarão já pronto. Despeje na mesma panela fervendo, deixe engrossar e está pronto.
Já Mudou! Canal no YouTube de O Joio e O Trigo estreia temporada de vídeo-reportagens nesta quarta-feira
Por Amanda Flora – O Joio e o Trigo
Com lançamentos toda semana, canal no YouTube de O Joio e O Trigo estreia vídeo-reportagens nesta quarta-feira
Nossa alimentação está de cabeça pra baixo. Doenças epidêmicas, Problemas ambientais. Desigualdades econômicas. Violações sociais. Nesse contexto, qual o espaço ocupado pela indústria da cultura pop, quando se apropria de causas legítimas e as distorce e fragmenta para obter lucros ofensivos em parceria com a indústria alimentícia?
Para responder às nossas inquietações como jornalistas que cobrem o setor privado e na busca por mais informações sobre alimentação saudável e adequada, nos lançamos em mais um desafio: uma temporada de vídeos que irá ao ar no YouTube, a partir da próxima quarta-feira, 23 de novembro.
Em quatro episódios, iremos contar por que a indústria alimentícia precisa do alicerce da cultura pop para entrar em nossas casas, estômagos, memórias e emoções. Buscamos uma série de exemplos que cruzam com a história do país, do cinema, da arte, da música, para te mostrar uma das tantas estratégias de que corporações se utilizam para fazer parte de nossas trajetórias e memórias.
A série é baseada e fundamentada na investigação jornalística, informativa e analítica, construindo narrativas que reportem e avaliem obras que se utilizam da apropriação de elementos afetivos, políticos, econômicos, sociais e culturais relacionados com a comida.
Em mais uma tentativa de entender as entranhas do capitalismo, reforçamos nosso papel de procurar pelas conexões sistematicamente, não pelos fragmentos. Dessa vez, mergulhamos no universo pop.
A temporada tem o apoio da Fundação Heinrich Böll, que trabalha no apoio à pesquisa e divulgação científica no Brasil. O Joio também é apoiado pela ACT Promoção da Saúde, Instituto Ibirapitanga, Idec, Fian e Serrapilheira.
Vamos Mudar? Encontro de mulheres camponesas discute os projetos estratégicos para as mudanças climáticas
Na manhã do dia 4 de novembro, as participantes do III Encontro Nacional das Mulheres do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA realizaram um espaço dialogo sobre a conjuntura política e econômica do país. Monica Bruckmann, cientista política, professora da UFRJ e coordenadora do GT CLACSO sobre Geopolítica, Integração regional e Sistema mundial e do @GisNucleo, foi convidada para falar sobre o assunto para as camponesas, no Centro de Estudo Sindical Rural (CESIR) CONTAG, em Brasília.
Mônica colaborou com o tema Crise Climática e Seus Impactos na América Latina e apontou ser preciso avançar na gestão dos recursos naturais, em políticas de proteção e na caminhada por um mundo diferente. Segundo ela, há três grandes projetos da agenda mundial dos governos para enfrentar a crise, sendo o pacto verde europeu; a estratégia chinesa de transição energética e o new green deal dos EUA e seguiu falando e analisando como estes projetos afetam a América Latina.
O acesso aos recursos naturais é uma questão de soberania nacional, pois afetam a segurança nacional e o capital colocará todo o seu poderio para se apossar desses recursos estratégicos. A América Latina concentra a maior reserva de água doce do mundo, 75% das reservas de lítio estão na Bolívia, Argentina e Chile. Também de cobre, 38%.
Ela ainda enfatiza que os dados são importantes, mas, eles afetam a vida real das pessoas, de sobreviver ou não, não é só produzir informação, e sim, pautar outro desenvolvimento que não é o das mineradoras, é outro projeto de sociedade. Ainda destaca “quando a gente fala de crise climática, já é um posicionamento que reconhece um problema na sociedade (…). Reforça que “é preciso pensar o planeta todo. Tem problemas no planeta que têm que criar soluções coletivas, comuns”. Completou.
A militante Filomena, camponesa do Pará, afirmou que a crise climática já faz parte do dia a dia do campesinato, porém, é um tema desconhecido por maioria da população e que os meios de comunicação de massa não colaboram em apresentar os seus impactos. Ela ainda cita como exemplo, as mudanças climáticas e seu impacto nas estações do ano. “No mesmo mês, quando se espera verão, chega chuva em dimensões que não se esperava, é resultado da interferência humana no meio ambiente, do capital. Até se fala da tecnologia que viria para melhorar, mas, e não é assim, faz parte de jogos de interesse que impacta a vida de nós e nossos filhos.” Pontou.
Ainda na parte da manhã, Saiane Santos, dirigente nacional do MPA, contribuiu com a reflexão sobre atuação das mulheres camponesas no período de pandemia, pontou os desafios e destacou ser um período de muita luta e de desafios políticos. Segundo ela, a pandemia covid-19 demonstrou uma crise da democracia burguesa, a necessidade de mudança tecnológica, uma crise sanitária ambiental e social. E lamentou o avanço do agronegócio e da mineração que piorou a vida dos/as pequenos/as agricultores.
Dando continuidade, falou da situação política do país, “o Governo Bolsonaro destruiu políticas públicas que ajudaram a muitas mulheres, e já com novo governo temos que trabalhar para reconhecer os desafios da pauta camponesa das mulheres camponesas”, afirmou Saiane.
Brotar é Preciso: Estudo revela que o sal é um antibiótico natural e possui um papel no controle de infecções
Por Conceição Trucom – Doce Limão
Pesquisadores da Universidade de Vanderbilt e da Alemanha descobriram que o sal (cloreto de sódio) se acumula na pele e nos tecidos dos seres humanos e nos camundongos para ajudar a controlar uma infecção.
Em um relatório publicado em 03/03/2015 pela revista Cell Metabolism, os pesquisadores concluem que as reservas de sal podem ser a maneira que a natureza usa para fornecer uma barreira à invasão microbiana e aumentar as defesas imunológicas. “Esta é uma visão totalmente diferente sobre o papel do sal na saúde e nas doenças”, disse Jens Titze, M.D., professor associado de Medicina e de Fisiologia Molecular e Biofísica em Vanderbilt, e autor sênior do estudo.
O presente estudo começou com a observação de que os níveis de sal em camundongos com pele infectada eram surpreendentemente altos. Jonathan Jantsch, M.D., um microbiologista das Universidades de Erlangen e de Regensburg na Alemanha e principal autor da publicação sugeriu que a pele poderia usar a acumulação do sal para repelir infecções externas. De fato, os pesquisadores descobriram que o sal estimula a ativação dos macrófagos que combatem infecções, um tipo de glóbulo branco.
Utilizando uma técnica de ressonância magnética e imagem (RMI) por eles desenvolvida, os pesquisadores descobriram que o sal se acumulou no local das infecções bacterianas da pele de seis pacientes. “As pernas infectadas mostraram acumulação maciça de sal, enquanto as pernas não infectadas eram totalmente normais”, disse Titze.
A acumulação de sal nas pernas infectadas desapareceu quando os pacientes foram tratados com antibióticos. Os pesquisadores também testaram o efeito de uma dieta extremamente salina em camundongos com infecções persistentes nas almofadas das patas. As reservas de sal no local da infecção aumentaram após o consumo da dieta com alto teor de sal, e as infecções desapareceram.
Jens Titze, M.D., e seus colegas atualmente estudam como o sal se acumula na pele para ajudar a controlar a infecção. Mas isso não significa que uma dieta com alto teor de sal seja benéfica para a saúde no século XXI.
“Eu penso que a descoberta mais importante aqui é que os tecidos podem acumular quantidades maciças de sódio localmente, para aumentar as respostas imunes sempre que necessário”, disse Titze. “Isso acontece totalmente independente da dieta.” “Esta nova biologia da homeostase do sal vai além da ideia de que o sal dietético é o principal componente que influencia os níveis de sal no nosso corpo”, acrescentou.
Com o advento dos antibióticos eficazes e outros tratamentos para a infecção, os seres humanos podem não precisar de grandes reservas de sal para protegê-los. “O acúmulo crônico de sal no tecido, portanto, pode ter-se tornado mais um problema do que uma vantagem”, disse Titze.
O grupo de Titze tinha relatado anteriormente que a acumulação de sal na pele aumenta com a idade e que está associada ao desenvolvimento de hipertensão essencial (pressão arterial elevada), que também se torna mais comum à medida que as pessoas envelhecem.
“Foi um mistério para nós a razão do por que os nossos pacientes acumulavam tanto sal no corpo à medida que envelheciam, porque a pressão arterial elevada e a doença cardiovascular é claramente uma desvantagem”, disse Titze.
A descoberta mais recente sugere que a acumulação de sal na pele relacionada à idade pode ser uma resposta compensatória à diminuição da função de barreira celular à entrada de micróbios. Também pode refletir uma inflamação crônica de baixo nível, associada com doenças do “envelhecimento”, incluindo doenças cardíacas e alguns tipos de câncer. Assim, pode ser benéfico compensar a necessidade do aumento das reservas de sal relacionado com a idade.
Para esse fim, Titze e seus colegas receberam apoio da Strategically Focused Prevention Research Network Centers da American Heart Association para descobrir se as reservas de sal podem ser mobilizadas por mudanças de estilo de vida ou por drogas. Isso poderia prevenir a pressão arterial elevada e doenças cardiovasculares, disse ele.
Um depoimento pessoal sobre um sal fresco in natura, rico em todos os minerais, entre eles o magnésio: Sempre que me apresento em programas de TV, passo por uma salinha de maquiagem. Na última vez que assim permiti (desde então sempre vou maquiada), peguei uma infecção no interior da pálpebra inferior do olho direito (parecia um grande terçol), que não curava com meus colírios e bons hábitos alimentares.
Fui ao oftalmologista, que revelou realmente ter sido contaminada com o pincel que usam em todos os convidados e que se trata de um local de difícil tratamento e cura. A solução primeira foi usar uma pomada antibiótica, aplicada à noite, antes de dormir, dentro dos 2 olhos, por 10 dias. Caso não curasse, segundo o médico, seria muito possível que eu tivesse de voltar para ser medicada com um antibiótico por via oral.
Saí do consultório determinada que antibiótico por via oral eu não ia tomar MESMO.
Então, fiz o tratamento com a pomada por dez dias, e realmente não fiquei curada. Melhorou bastante, mas não curou.
Esperei mais uns 10 dias para meu corpo reagir sozinho, mas estacionou e nada. Então, parti para a prática dos meus conhecimentos. Ou seja, durante sete dias seguidos, após caminhar na praia (Tombo, Guarujá/SP é uma praia ‘azul’ segura por não sofrer lançamento de efluentes), bem cedo, antes que houvesse contaminações pela presença humana, mergulhava de olho bem aberto, para receber todo o salgado do mar. Ardia? Sim. Mas minha avó dizia: o que arde cura.
Dito e feito: a cada dia percebia a regressão daquela bola intumescida e vermelha dentro do meu olho. Após sete dias parei o tratamento e esperei meu corpo sinalizar o que fazer. Pois bem, a resposta dele foi: valeu, estamos curados. Santo Sal DA Vida! Vamos assistir a este vídeo do Dr. Morton Satin e saber um pouco mais?