O Brasil está oficialmente fora do Mapa da Fome da ONU, após tirar mais de 40 milhões de pessoas da insegurança alimentar. (fotos: AgênciaGov/Reprodução)

Da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável

 

Anteontem, celebramos a notícia de que o Brasil está fora do Mapa da Fome, depois de avançarmos em diversos índices relacionados à segurança alimentar e nutricional da nossa população.

É uma excelente notícia, sem dúvida, e um passo importante para tirar esse problema da nossa lista. Não significa que o problema da fome esteja superado no Brasil.

Recebemos muitos comentários questionando a notícia, sua veracidade e sua importância. E entendemos porque muitos de vocês levantam esta dúvida.

Mas vamos começar do começo. Em resumo, o relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) e outras agências da ONU relacionadas ao tema, produzido por pesquisadores de diversos países, apontou que menos de 2,5% da população brasileira está em risco de subnutrição ou falta de acesso à alimentação suficiente, conforme dados de 2022 a 2024.

O Mapa da Fome é um indicador global que identifica países onde mais de 2,5% da população sofre de subalimentação grave ou insegurança alimentar crônica. Isso significa que uma parcela significativa da população não tem acesso regular a alimentos suficientes para uma vida saudável.

Nosso país é gigantesco e marcado por profundas desigualdades sociais, de raça e gênero. Por isso, encontramos inúmeros cenários diferentes com pessoas e famílias que ainda enfrentam dificuldades para garantir sua alimentação ou conseguir fazer, ao menos, uma refeição por dia.

Há muitos brasileiros e brasileiras que ainda não têm acesso a uma alimentação saudável, adequada e de qualidade e em quantidade suficiente. Por isso, ao mesmo tempo que indicam um avanço extraordinário, estes resultados nos chamam a continuar ampliando e qualificando nossas ações para chegar a quem ainda não chegamos.

Nós, da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, sabemos que o Brasil já conhece o caminho tanto para a erradicação da fome, como para figurar no relatório da FAO/ONU como exemplo positivo a ser seguido.

É preciso que esse esforço realizado nos últimos anos seja continuado sem interrupção, em forma de políticas públicas estruturantes articuladas, garantindo prioridade e orçamento público para a redução da pobreza; combate ao racismo e às desigualdades de gênero, acesso à terra e território, ao estímulo à geração de emprego e renda; ao apoio à agricultura familiar; ao fortalecimento da alimentação escolar; à promoção e proteção da amamentação;  e ao acesso de toda a população a uma alimentação saudável.

Essa articulação é promovida pelo Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) e sustentada pela sociedade civil organizada que zela pela Soberania Alimentar e o Direito Humano à Alimentação Adequada.

Engana-se quem pensa que foi fácil chegar até aqui, foi certamente muito compromisso e trabalho que deve continuar, ser ampliado e apoiado por toda a sociedade brasileira. 

 

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