Informação clara e correta sobre os alimentos é peça-chave para a promoção de mudanças saudáveis no cardápio. E é também uma questão de saúde pública

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Alimentar-se é mais do que ingerir nutrientes ou alimentos. Alimentar-se é uma prática social, cultural e afetiva. É ainda construção e expressão de memórias e exercício de preferências. Mas alimentar-se é também uma questão de saúde.

Nós somos o que comemos. Tudo o que ingerimos têm influência direta sobre o nosso bem-estar físico, mental e social. Impacta na forma como realizamos nosso trabalho, convivemos e socializamos. E até mesmo como nos recuperamos de uma doença ou nos tornamos propensos a ter tantas outras.

Nesse sentido, existem, sim, alimentos mais e menos saudáveis. Há aqueles que causam mais benefícios e outros que provocam mais malefícios à saúde, principalmente quando consumidos sem moderação.

Dentro do consultório, é possível que um profissional elabore cardápios e prescrições específicas e individualizadas, a partir da realidade de cada paciente. E, claro, essas recomendações não precisam abolir alimentos menos saudáveis.

Mas quando se trata de orientações que valem para a população como um todo, a mensagem deve olhar para a saúde de uma forma ampla. E as recomendações sobre alimentação têm que estar em sintonia com seu tempo e as condições da população.

Hoje, quase 60% dos brasileiros enfrentam o sobrepeso ou a obesidade. Estima-se, ainda, que 4,5 milhões de pessoas tenham indicação para realizar cirurgia bariátrica, porque apresentam obesidade mórbida. E os números não param de crescer.

Todas essas pessoas possuem um risco muito maior de desenvolver diabetes, pressão alta, doenças do coração e pelo menos 13 tipos de câncer, doenças que figuram entre as principais causas de morte no nosso país.

Garantir escolhas alimentares mais saudáveis para a população é um passo fundamental para combater esse cenário, que só se agrava. Outro passo vital é reconhecer que mudança de hábitos alimentares não é apenas uma questão de motivação pessoal.

Ela, na verdade, depende tanto do ambiente físico tanto quanto do social em que estamos inseridos. E, para isso, a sociedade como um todo precisa apoiar medidas que tornem esse contexto mais saudável.

E os rótulos com isso?

Todos nós temos liberdade para escolher o que desejamos ingerir, mas é importante estarmos totalmente conscientes das nossas decisões. E isso só acontece se estivermos bem informados no momento da escolha.

Em se tratando de alimentos ultraprocessados, o rótulo é nosso maior aliado na hora de fazer escolhas conscientes e saudáveis. E quem diz isso é a maior autoridade em saúde no mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a OMS, é crucial que as embalagens tragam na parte da frente as principais características do produto para que o consumidor saiba, de fato, o que ele está consumindo.

Foi essa recomendação que levou a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável a apoiar a proposta do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que prevê a inclusão de uma sinalização clara e precisa. Com ela, qualquer pessoa pode identificar imediatamente se um produto contém excesso de um ou mais nutrientes críticos.

Essa sinalização consiste em um triângulo preto inserido no canto superior da embalagem, e traz os dizeres “Alto em”, sinalizando na sequência a presença de excesso de sódio, gorduras e/ou açúcar. Os parâmetros para a inclusão ou não do triângulo nas embalagens são os previstos pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

O objetivo desse tipo de rotulagem nada tem a ver com assustar ou cercear a liberdade de escolha dos brasileiros. Pelo contrário: o objetivo é garantir um consumo cada vez mais consciente.

Todos aqueles que desejarem seguir consumindo alimentos altos em sódio, açúcar ou gorduras não serão impedidos de fazê-lo, até porque isso não envolve só o âmbito da saúde. A diferença é que, com a informação no rótulo, saberão claramente o que estão ingerindo.

Em tempo: a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável reúne organizações da sociedade civil de interesse público, profissionais, associações e movimentos sociais com o objetivo de desenvolver e fortalecer ações coletivas que contribuam para a saúde e o bem-estar de todos. Nossa agenda, nossa carta de princípios e a lista de organizações-membro estão divulgadas de forma transparente e acessível em nosso site, assim como a proposta de rotulagem que foi apresentada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Artigo elaborado pelo comitê gestor da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável

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