Pesquisadora americana Marion Nestle ressalta que argumento da indústria de que os selos
assustam os consumidores precisa ser bem “traduzido”

Marion Nestle

Marion Nestle é autoridade quando o assunto é nutrição e saúde pública. Professora emérita da Universidade de Nova York (NYU), onde lecionou por quase 30 anos, ela tem passagem por prestigiadas universidades americanas. É colaboradora de jornais e revistas especializadas e autora premiada, tendo publicado diversos livros que investigaram a fundo a relação entre a indústria de alimentos e as políticas públicas em nutrição e saúde nos Estados Unidos e no mundo.

A especialista tem sido uma voz firme em favor da adoção do sistema de advertências na parte da frente das embalagens, a exemplo do Chile e outros países. “O que nós sabemos sobre esse sistema é que ele desencoraja o consumo dos produtos que exibem o selo. Esse é o objetivo”, explica ela no vídeo captado durante uma visita de representantes da Aliança Pela Alimentação Saudável e Adequada à Nova York. “E é claro que a indústria de alimentos não quer advertências que desestimulem a compra de seus produtos”.

“O argumento ‘não queremos assustar as pessoas’ [utilizado pelos fabricantes] precisa ser traduzido. E a tradução é ‘não queremos nada que faça com que você não compre nossos produtos. Porque nosso trabalho, como indústria, é vender produtos. Esse é o nosso negócio. E se não vendemos, nossos acionistas ficam muito descontentes’.”

Marion Nestle foi uma das 26 especialistas e pesquisadores, referências mundiais, que assinou em maio deste ano uma carta aberta à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em apoio ao modelo de rotulagem nutricional desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Confira a íntegra do vídeo aqui

 

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