As informações nutricionais contidas nos rótulos são incompreensíveis (e por vezes até ilegíveis) para a maior parte dos consumidores, e isso coloca em risco a saúde de cada um de nós. Por isso, é importante que todos acompanhem a discussão a respeito da revisão da rotulagem nutricional no país, um debate que vem sendo feito desde 2017 e está se tornando mais maduro nos últimos meses. Avanços têm sido feitos e um segundo encontro foi marcado. Sociedade civil organizada, acadêmicos, representantes do governo e da indústria de alimentos se reunirão em 31 de julho em Brasília.

Nesse dia, a GGALI (Gerência-Geral de Alimentos) da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) apresentará os resultados de um trabalho para aperfeiçoamento e detalhamento dos seguintes temas: base de declaração da rotulagem nutricional, ou seja, se continuaremos utilizando a porção na tabela nutricional para comparar os alimentos — o que é confuso para muitos consumidores —; e regras para declaração dos valores nutricionais, que incluem as unidades de declaração, ordem de nutrientes, valores não significativos, regras de arredondamento, entre outros fatores relacionados.

Mais uma vez, não temos informações além dos temas que serão debatidos, contudo temos certeza que as mudanças propostas vão impactar diretamente nossa forma de ver os produtos que consumimos — se para melhor ou pior, dependerá do engajamento de todos!

O diabo realmente mora nos detalhes

No post anterior do blog sobre o processo regulatório de revisão de normas para rotulagem nutricional, afirmamos que tínhamos que prestar muita atenção aos detalhes. Na primeira reunião, realizada em 30 de maio, houve a apresentação das alternativas regulatórias sobre o conceito de rotulagem nutricional e o escopo do regulamento, bem como a sua aplicação prática. Também foram apresentados os conceitos da lista de nutrientes da tabela nutricional e da rotulagem nutricional frontal, além da aplicação das alegações e outras definições.

Contudo, a reunião não foi tão boa quanto queríamos e tivemos perdas significativas. A Anvisa, por exemplo, desconsiderou o perfil de nutrientes da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), utilizado como referência na proposta de rotulagem do Idec para a identificação dos alimentos que devem apresentar advertência, baseado nas recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para a prevenção de obesidade e doenças crônicas.

Além disso, excluiu gordura total e adoçante da lista de nutrientes que deverão ser apresentados com o selo de advertência. E, em vez de adotar a advertência para açúcar de adição, como proposto pelo Idec, está considerando o açúcar total do produto. Ou seja, continuaremos sem saber quanto açúcar os fabricantes estão colocando na nossa comida sem que tenhamos pedido por ele.

Mas nem tudo está perdido e continuaremos participando das reuniões, vigilantes e críticos, porque sabemos que a saúde pública brasileira depende da qualidade da nossa alimentação que, por sua vez, depende de consumidores bem informados!

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1 Comment

  • byCREIDE JEREMIAS DOS SANTOS
    Posted 01/06/2019 08:00 0Likes

    Além de rotular, colocar os ingredientes em letras legíveis, pois ultimamente as letras são tão miudas e juntinhas que nem criança com 100% de visão está conseguindo ler.

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