Você tem o direito de saber o que come.

Com esse slogan simples e objetivo, capaz de ser entendido facilmente por qualquer pessoa, em 1º de novembro estreou a campanha publicitária da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável  na TV, rádio, jornais, internet e mídia exterior.

Planejado para ser veiculado nas emissoras de TV abertas, além de outros espaços, o filme em versões de 15 e 30 segundos ainda não entrou na grade de programação da TV Globo, apesar de ter sido enviado no prazo previsto, seguido todos os trâmites e processos comerciais da emissora, incluindo acordo comercial no valor equivalente ao de mercado.

Após várias reuniões, respeitando o acordado em conversas prévias com o departamento comercial da empresa e de acordo com o planejamento de mídia, em 27 de outubro, a peça foi enviada à emissora, para início de veiculação em 1º de novembro, data de estreia da campanha, inclusive em outras emissoras abertas. No entanto, após 20 dias deste envio e sem que houvesse qualquer resposta quanto à aceitação da veiculação ou posicionamento de qualquer tipo, negativo ou positivo, estranhando o silêncio da emissora, nos manifestamos formalmente por meio de uma carta ao departamento comercial questionando o motivo de não termos resposta. Destacamos que não estávamos solicitando veiculação gratuita de qualquer tipo ou forma, mas sim negociando a compra de espaços publicitários na grade da emissora.

Leia aqui a integra da carta enviada à TV Globo.

A resposta da TV Globo, uma semana depois, em 22 de novembro, foi de que sua equipe de negócios estava “discutindo sobre os roteiros e cenas do filme e nesse período temos transitado o material dentro da Globo, como é nosso padrão de avaliações. A Globo tem um rígido controle de tudo que leva para o ar e estamos sempre alinhados com Manual de Práticas Comercias”. Ou seja, a resposta confirmou que até o momento do seu envio, eles ainda não tinham uma posição, positiva ou negativa, quanto à aprovação da peça comercial.

A Aliança se surpreende tanto com a demora na resposta quanto com seu conteúdo. Afinal, a campanha está dentro dos padrões de qualidade, tendo sido produzida por uma das maiores agências de publicidade do país, a Z+ HAVAS, e não contém qualquer tipo de ofensa ou inverdade, além de expressar uma mensagem de interesse público (o que, em processos avaliativos como este, deveria ser levado em consideração como questão ética e de compromisso com a sociedade).

A campanha defende o direito à alimentação adequada a saudável e o direito à informação, ambos garantidos por lei. A campanha tem como objetivos alertar a população sobre as reais características nutricionais de produtos ultraprocessados, que não destacam em suas embalagens o excesso de ingredientes como sódio, açúcar e/ou gorduras, o que pode levar os consumidores a fazerem escolhas não saudáveis, mobilizar a sociedade a apoiar a adoção de rótulos mais claros e a restrição de propagandas enganosas sobre alimentos, especialmente aquelas direcionadas a crianças.

A peça publicitária apresenta uma família que, ao consumir produtos ultraprocessados apresentados como saudáveis, se alimenta essencialmente de açúcar e gordura sem ter consciência disso.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é uma das principais epidemias dos tempos atuais. Em 2016, atingiu mais de 650 milhões de pessoas no planeta. A prevalência de obesidade no Brasil aumentou quase cinco vezes entre os homens e mais do que duplicou entre as mulheres nos últimos 35 anos. Em 2013, 56,9% da população apresentavam excesso de peso, sendo 58,2% entre as mulheres e 55,6% entre os homens.

A alimentação não saudável é a protagonista desse problema. Inúmeros estudos evidenciam a relação entre o consumo de produtos ultraprocessados e a má qualidade da alimentação e o excesso de peso. Foi isso que nos levou a desenvolver esta campanha de conscientização com a abordagem apresentada. O padrão alimentar da população brasileira vem mudando com o passar do tempo, com alimentos e preparações culinárias tradicionais dos brasileiros sendo substituídos por produtos ultraprocessados e prontos para o consumo, como refrigerantes e outras bebidas açucaradas, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, macarrão instantâneo, sobremesas industrializadas etc.,.

As evidências são claras. Já há relações comprovadas entre a obesidade e diversas doenças crônicas não transmissíveis, incluindo treze tipos de câncer, o que levou o Instituto Nacional de Câncer (INCA) a divulgar um posicionamento público a respeito do tema.

Deve-se levar em conta, ainda, o gasto para os sistemas públicos de saúde com tratamento dessas doenças relacionadas ao sobrepeso e à obesidade, tais como diabetes, hipertensão, doença coronariana, acidente vascular encefálico (AVE), osteoartrite e câncer.

Portanto, a perplexidade com o silêncio sobre a aprovação ou reprovação do comercial da Aliança aumenta com o fato de que as organizações Globo veiculam anúncios de empresas de alimentos ultraprocessados, que vendem produtos anunciados como saudáveis, sem qualquer questionamento sobre se estão transmitindo de forma clara aos consumidores tudo que eles precisam saber a respeito de seus produtos. Estes comerciais seguem, é claro, a legislação e a normatização atuais sobre comunicação, mas a campanha da Aliança também o faz. E nesse ponto, cumpre com o direito à informação garantido por lei.

A Aliança se vê numa situação inédita em receber apenas silêncio (mesmo que na forma de mensagens que não trazem a resposta necessária para a conclusão da questão) de um interlocutor, apesar de nossa insistência em tentar chegar a um ponto final, mesmo que negativo, com relação ao processo de aprovação da campanha.

Nossa insistência para que a emissora responda objetivamente ao seu cliente baseia-se no princípio de negociações claras e transparentes tendo como norteador a defesa da saúde e da alimentação adequada e saudável.

O lema da campanha se aplica a todas as nossas ações: Você tem o direito de saber!

Atualização: Em 7 de dezembro, a TV Globo entrou em contato via e-mail para comunicar que o vídeo finalmente poderia ser veiculado durante os seus comerciais. Na data, a campanha já não estava mais no ar, pois seu tempo de circulação foi de um mês, período em que a emissora não tomou uma posição. 
Contudo, a Aliança considera que esse retorno da TV Globo mostra o reconhecimento do papel informativo e educativo da campanha “Você tem o direito de saber o que come”. 
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2 Comments

  • byMarizete
    Posted 05/12/2017 22:49 0Likes

    A rede globo é um canal DO MAL!!!

  • byMônica R S Schultz
    Posted 09/12/2017 15:15 0Likes

    Esse tipo de informação levado ao conhecimento do público. Quanto mais melhor.

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