Por Mariana Claudino*

Até 2050, precisaremos aumentar não apenas a produção, mas a qualidade do que comemos, para conseguir alimentar os 10 bilhões de habitantes do planeta. Como tornar isso viável com qualidade nutricional, diversidade de produção e sustentabilidade? Esse é o eixo central da exposição Prato do Mundo, que está até outubro no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, e é indicada para todas as idades. Hoje, 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, é preciso refletir sobre a relação entre meio ambiente e à alimentação. Como todos e todas nós podemos ser agentes ativos para chegarmos a um futuro com alimentos nutritivos – e sem agressão ao meio ambiente, já que, sim, as mudanças climáticas previstas deverão representar um dos maiores desafios à produção alimentar mundial?

A exposição, bem interativa, traz dados interessantes – e preocupantes. Na parte “O mundo em 2050”, dados da Organização das Nações Unidas alertando que é preciso uma mudança de paradigma, substituindo o modelo agrícola das últimas décadas por sistemas de produção sustentáveis e eficientes. Sem falar, claro, no combate ao desperdício. Porque, atenção: se o ritmo atual de consumo se mantiver, em 2050 nós vamos precisar de 40% a mais de água, 50% a mais de energia e 60% (!) a mais de… comida.

 

 

“Prato do Mundo” atenta para algumas curiosidades, como a origem dos alimentos (mandioca vem da América do Sul, macadâmia vem da Oceania, linhaça vem da Europa…). E que o aumento da temperatura global impacta e afeta a agricultura em diferentes continentes: o aumento igual ou superior a 3 graus celsius é suficiente para tornar inviável esse plantio. Estudos de simulação de produção de culturas indicam grandes perdas de áreas cultivadas com soja, café, milho, arroz e algodão.

E ainda: em todas as partes da exposição, há um paralelo entre os assuntos abordados e os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Agenda 2030. E um dos pontos altos da exposição é a seção “Por dentro do alimento”: a pedido da equipe curadora, pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO) investigaram e mostram em imagens as diferentes texturas dos alimentos e suas sementes, que serão a comida no futuro.

Dados da exposição “Prato do Mundo” em relação ao meio ambiente:

  • O Brasil poderá reduzir em 10,6 milhões de hectares a área destinada à agricultura em 2030, A Região Sudeste será a mais afetada, podendo perder quase 5 milhões de hectares
  •  O aumento dos gases de efeito estufa aumenta a temperatura, que aumenta a demanda por água e a (não) disponibilidade de água interfere diretamente na produtividade das culturas.
  • Ao fim deste século, a temperatura global pode estar quatro graus celsius acima da temperatura no período pré-industrial. Esse risco é de 62%, segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas).
  • Dias com temperatura acima de 34 graus podem provocar, por exemplo, abortamento das flores de café, mortes dos pintinhos de 1 dia, abortamento de porcas e redução na produção de leite.*Mariana Claudino é nutricionista e jornalista da ACT Promoção da Saúde e membro da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável

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